segunda-feira, 21 de maio de 2007

Rocks e Pac(otilha)

Fim-de-semana rockeiro. Tudo começou na sexta, com o aguardado concerto dos Bloc Party, de Kele Okerere. Coliseu cheio, noite estival, a baixa repleta de gente. Ali, frente a frente com o musical de La Feria... Foi um concerto que nem deslumbrou nem desmereceu a visita. «Silent Alarm» mostrou porque continua a ser o melhor álbum da banda, no mais faltou aos britânicos mise en scène ou sentido de espectáculo - coisa vista, por exemplo, ali mesmo, poucos dias antes, com os Scissor Sisters, ou há largos meses no extraordinário concerto dos Muse, no Campo Pequeno. Já para sábado, com o prometedor Creamfields. Gente, muita gente, e muita caminhada a fazer - a repensar, com urgência, e para aquele espaço, a matéria do estacionamento ou acessibilidades. Depois, o sobe desce, nem sempre apetecível, se bem que bom para que ninguém tape a vista a ninguém. O melhor: Placebo e Wraygunn - Paulo Furtado, o Legendary Tiger Man, é a autêntica incarnação do rock, o one man show total, a quem, no caso, não foi concedido um dos melhores palcos (vá lá saber-se porquê) e que teve ainda de suportar uma inacreditável falha sonoplástica. O pior: as bebedeiras e as filas. O mais era fumo... e juro que não eram índios! Pior também: Pac, dos Da Weasel, um homem que prega a revolução, embora dando a entender que nada tem a dizer senão as já gastas palavras de ordem pela paz e contra o racismo. OK, fazê-lo nunca será demais, é preciso, contudo, reinventar o modo de dizer. No mais, no caso de Pac, parece que a única maneira que ele encontrou para tal é disparar asneiras a torto e a direito, num palavreado reles e ruim, como se tal fosse sinónimo de liberdade. Pretensa liberdade, naturalmente, e apenas a esconder a ausência de mensagens. Nem Martin Luther King, nem Ghandi, nem Mandela, nem movimento cultural algum, precisaram jamais de dizer uma só asneira para moverem milhões em torno dos seus ideais, políticos, estéticos ou sociais. Asneirar em público como Pac é mera presunção e má-educação. Caro Pac, um novo capítulo, precisa-se!

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