Maria Velho da Costa, in «Textos Pretextos», 2004
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Outros Silêncios
«O silêncio é invenção da boca humana. O animal levantou-se nas suas duas patas e escutou o não-ruído. O predador furtivo estava perto. O não-ruído é o que precede a caça e o caçador. O não ruído antecipa o uivo e a trituração. As criaturas fizeram então o silêncio para suplantar o não-ruído. A pausa das batidas do coração carnívoro e devorador. Até então a floresta mugia (...) Tristes criaturas guardaram o silêncio contra a morte, o não ruído. Cantam para fazer o silêncio, como os pássaros e as baleias no bojo das trevas. Um silêncio mortal sob o signo da sua finitude, a seta desferida, a certa, despedida.»
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