sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Dirty Diana - Um terrível conto de terror VI

6. não fosse a sua cara de cu
Meia noite e picos, portanto. Diana, já dirty depois da sua primeira malvadez, ainda para mais cometida sobre uma pobre enfermeira que o pior que tinha feito na vida era cobiçar para marido um dos médicos com quem diariamente se cruzava, avança, em pezinhos de lã pelo seu quarto, já vestida com a bata branca que surripiara à desdita enfermeira. Toda controlo e contenção de emoções, abre a porta do quarto deparando-se com a primeira prova de fogo da sua fuga: os agentes policiais que ali circunstanciavam em amena cavaqueira, ora sobre os jogos da quarta-feira europeia dessa noite (que é quando as putas fazem folga), ora sobre a mais recente casa de putas aberta na Cidade-Luz (onde não falta jogador de bola que se preze e tenha em imagem de garanhão). Conversa diversificada, está de ver.
Lampeira e tentando agir com a máxima naturalidade, Diana abre a porta, mantendo o olhar ligeiramente descaído para o chão. Os agentes, é claro, debicam-na logo com os olhares gulosos, havendo mesmo um que não se tem e arrisca uma apalpadela, após o que sorri, a meia haste, batendo, à garanhão, com o dedo do meio da mão direita na pala da boina. Mal sabendo que apalpava a princesa e não uma reles enfermeira! Ao sentir o aperto na nádega, Dirty Diana sente subir-lhe o sangue às têmporas, aperta os punhos já com os nervos fervendo e os músculos eriçados, mas contém-se a tempo de não se voltar para o libidinoso agente e arrear-lhe valente tabefe na fronha. Tabefe que o mais natural é que encomendasse o gendarmezito desta para as alturas, pois outra das transformações que o corpo da princesa sofrera, e que ela estava também prestes a descobrir, é que se tornara imensamente forte. Assim mesmo, tal qual os vampiros ou os lobisomens que se dizem ter a força de dez homens fortes juntos!
Mas Diana conteve-se, a bem da sua bem sucedida fuga. Não esqueceu foi o ultraje da apalpadela, coisa que só experimentara pela mão do seu Dodi - e essas sabiam-lhe bem melhor. De modo que, a fim de descarregar o stress da situação, até porque já chegara ao exterior, ao passar por um cigano que lhe atira um piropo mais não lhe regateia senão um soco no meio dos olhos. O efeito surpresa da sua reacção, dir-se-ia, somou a seu favor, pois a restante comunidade cigana ficou estupefacta e nem se lembrou de sacar das naifas. Quando o fez, já Diana tinha desaparecido do mapa. Desaparecia num táxi que a levava rumo ao coração de Paris. Dirty Diana preparava-se para gozar a vida como nunca pudera fazer. E uma vez que, como ouvira nas televisões e lera nos jornais e revistas, todos a davam como morta, pois que assim fosse, tanto melhor, mais facilmente a sua semelhança consigo própria não passaria, aos olhos dos outros, disso mesmo: uma curiosa semelhança física para com a malograda princesa. Na verdade, como ouviria de alguns bêbados em bares de terceira categoria, não fosse a sua cara de cu e seriam capazes de apostar que era Sua falecida Alteza. Dos que tiveram o azar de fazer tal comentário, nenhum viveu para contar o que depois se passou, e a nós, valha a verdade, também não nos apetece estar a relatar a sangria que aquilo foi... Esta Diana não estava para graçolas.
Acto contínuo, estando em Paris, Dirty Diana decidiu divertir-se à grande e à francesa; coisa que nunca fica bem a uma princesa inglesa. A triste realidade é que optou por fazê-lo porque ao saber da morte de Dodi ficou completamente de rastos e inconsolável. Nem que o Brad Pitt a tomasse nos braços, nem mesmo que George Clooney a quisesse animar tomando-lhe a cabeça junto ao farfalhudo peito, não havia maneira de recompor a princesa. Melhor, havia: a alternativa clássica do álcool. So sad, diriam os seus patrícios, mas é a verdade, e vale que Diana, traumatizada, não voltaria tão cedo a arriscar-se ao volante de um carro, sobretudo se fosse um Mercedes. Deste modo, ao longo dos dias, foi vivendo a princesa, vivendo para esquecer o seu desgosto. Mas à medida que o tentava fazer mais aumentava o seu desejo de vingança.
O dinheiro não constituiu um problema para Diana, pois consigo detinha ainda o cartão de crédito real, que ninguém em Buckingham mandara cancelar, não fosse a Imprensa armar um escabeche por causa disso. No banco também ninguém suspeitou de nada, até porque a conta estava em nome de Diana e de Carlos, podendo os dois fazer movimentações. Não haveria pois qualquer problema, desde que Diana se confinasse aos levantamentos em ATM e fizesse pagamentos em cash, sem assinar o que quer que fosse. De modo que Dirty Diana se instalou nos melhores hotéis parisienses, almoçou nos melhores restaurantes, vestiu nas melhores lojas. E à medida que descansava e recuperava fisicamente, que enchia a barriguinha, que vestia do bom e do melhor, ia congeminando a sua lista de «vítimas» a abater, assim Nosso Senhor a ajudasse nessa nobre tarefa de vingar os seus dias sofridos e a morte do seu Dodi. Que era um doidivanas, ela sabia, um maroto de um árabe mimado pela fortuna do pai, mas ainda assim era o seu Dodi e Dodis como aquele não se arranjam por aí todos os dias, ou então o mundo estaria pejado de princesas.

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