«Firme velho Vanamoinen,
esse bardo sempiterno,
vai seus dedos preparando,
vai seus polegares esfregando.
Senta em pedra da alegria,
põe-se em rocha de cantar,
num outeiro prateado,
sobre a colina doirada.
Toma instrumento em seus dedos,
vira o curvado nas pedras,
o kantele em suas mãos;
disse um dito e assim falou:
"Deixai vir para ouvir
a quem nunca tenha ouvido
de eterno bardo a alegria,
a sonãncia do kantele."»
Está a chegar às livrarias a primeira edição portuguesa do «Kalevala», o mítico, épico e também marco fundador da identidade finlandesa. Muitos chamam-lhe «Os Lusíadas» finlandeses, mas não é assim tanto, a começar pelo facto de este ser um livro composto a múltiplas vozes anónimas, enquanto que «Os Lusíadas» tiveram apenas Camões por autor. De qualquer modo, há semelhanças, pois nas suas páginas, nos seus cerca de vinte mil versos, se glosam o espírito e a alma de um povo, em concreto, aquele da região da Carélia, a Norte. Kalevala (publicado pela primeira vez em 1835, depois aumentado em 1949 - edição que serviu de base à presente tradução) provém, segundo o autor original desta reunião de canções de tradição popular, Ellias Lönnrot, de Kaleva, dito «o mais antigo herói finlandês». A edição é da Ministério dos Livros.
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