sábado, 24 de novembro de 2007

A Demanda do Bravo Cavaleiro Dom Quixote - ou epá não podemos ficar de mal com ninguém! - Capítulo II

II.

Abraços e bacalhauzadas. Algumas técnicas de descontracção. Dona Paula e um pobre e jovem autor. Rocinante nervoso. O destino da Princesa. Os fantasmas da escrita, um sapão de todo o tamanho e uma agradável surpresa de arrasar.



Ainda antes de deixarem o escritório, consegui perceber que toda aquela azáfama ainda não tinha acabado. Mal a porta se tinha aberto todos quantos lá fora se encontravam, no hall de entrada da editora, se abateram sobre a senhora Etelvina e o director editorial. Uns, cumprimentavam a distinta, parabenizavam-na, como gostam de dizer os brasileiros, outros, avançavam mesmo de livro em mão, pedindo-lhe o autógrafo da praxe. É como vos digo, parecia cena digna de estrela de Hollywood. E logo os capangas da «autora», afastando com os braços quem se aproximasse demasiado, apenas vociferando entre dentes e por trás do escuro das lentes, «calma, calma, calminha». O director editorial sorria e também ele era cumprimentado pelo pessoal da editora. Ali estava ele, a receber também os abraços e as bacalhauzadas como se, uma vez mais, ele, capitão de navio, houvesse descoberto fórmula ou tesouro capaz de endireitar o barco que chefiava levando-o a deixar para trás mares revoltos ou perigosas correntezas que se aprestassem a levar o navio ao fundo. Sim, a senhora Etelvina era, aos olhos de toda aquela gente, a terra firme havia muito ansiada, o farol que haveria de nortear, daí por diante, os novos e luminosos destinos da casa editorial. Numa palavra, a salvação.
Os capangas faziam o seu trabalho com eficácia, pelo que logo, logo, após meia-dúzia de autógrafos, a senhora Etelvina e o director editorial, seguido de perto pelos dois editores, e agora também por uma prestável relações públicas, se encaminharam, passos largos, para o BMW que já se encontrava com o motor a roncar, preparado, adivinhava-se, para um arranque em grande. De resto, à saída do portão da vivenda, também já os batedores da Polícia se tinham encarregue de parar o trânsito, não fosse a comitiva chegar atrasada ao seu próximo destino. Qual? O lançamento editorial, num grande hotel da capital, como logo a seguir confirmei espreitando uma folha A4 que o director editorial, na sua exaltação desmedida, esquecera em cima da secretária. Era o alinhamento dos planos para o dia e lá estava: «8h00 – Recepção nas instalações da senhora Etelvina»; «8h30 – Chegada dos primeiros exemplares da gráfica»; «9h00 – Pequeno-almoço com convidados no Hotel Lisboa XXI»; «10h00 – Recepção à Imprensa»; «10h30 – Lançamento editorial». Acabo de ler e ouço lá fora o chiar dos pneus do BM a que se juntaram algumas buzinadelas de protesto dos automobilistas que tinham sido mandados parar pela Polícia e que nada percebiam do que se estava a passar. «Parece qu’isto é São Bento», disse um, enquanto um taxista gritava pela janela: «Filhos da puta, deixem trabalhar quem quer trabalhar!»
Abstraí-me da cena, do trânsito que se avolumara e agora demorava em retomar o fluxo normal, e peguei num dos livros de um dos maços que ali fora deixado. Li novamente, a como se confirmar aquilo que não queria confirmar: «Etelvina Prazeres – A Verdade de Cristal». Até este momento estive, como se adivinha, num grande processo de contenção. Usei para tanto, de todos os estratagemas que me lembrei. Fiz mesmo uso das técnicas de descontracção aconselhadas àquelas pessoas que sofrem de ataques de pânico e que, mal começam a sentir que o comando sobre a mente lhes foge, iniciam esses exercícios de fuga para a frente, para fintar a força do psicológico. Bem vistas as coisas, nada mais nada menos do que tentar entreter o espírito com outras coisas que não a ideia fixa de que, de um segundo para o outro, podem vir a desfalecer, a sentir-se descontrolados, a não mais conseguir aguentar-se nas pernas. E então lá começam, antes do tremer dos braços, do peito, das pernas, assim, por exemplo, a contar para si «um, dois, três, quatro, cinco, seis , sete, oito ,nove , dez, onze...» e por aí adiante até que o espírito acalme, até que a cabeça retome o juízo e deixe de «macaquear». Pois foi isso que fiz, tal a comichão que aquela cena me estava a dar. Não contei os números, mas inspirei bem fundo a ver se me varriam os nervos e se me acalmava.
Tudo, enfim, estava mais pacificado. O ambiente tornara à quietude habitual. Nesse entretanto, batera à porta um escritor, que vinha ver as provas do seu livro, que dizia ter isso mesmo combinado, ainda no dia anterior, com o editor, e que, está de ver, bateu com a porta na cara. Que teria de voltar no dia seguinte, foi o que lhe disse friamente a Dona Paula, a coitada da recepcionista que foi a única a ter de permanecer nas instalações para dar seguimento aos serviços mínimos. Um pouco contristada, terá sido mesmo um pouco ríspida para com aquele jovem autor que ali se apresentara, ávido de pôr os olhos no seu primeiro livro. Nessas ocasiões, quando um aspirante a escritor não é ainda nada mais do que isso, o peso de uma recepcionista sobre um potencial jovem autor é enorme. Não sei mesmo se uma resposta daquelas pode levar ao claudicar do ânimo para empreender uma relação com o mundo da literatura, pelo menos uma relação que não tenha como mero objectivo o escrever para a gaveta. E faço aqui um parênteses para falar nessa questão. Mas alguém acredita que alguém escreve para a gaveta? Só se for para a gaveta dos outros! Sejamos sérios, se as pessoas escrevessem para a gaveta certamente que já existiria no mercado uma editora com esse nome, uma editora com fundos inesgotáveis, claro está, ou melhor, uma editora sem fundo... Não, escrever para a gaveta ninguém escreve, quando muito para o baú, como o Pessoa, mas esse era quem era, e não havia também gaveta que lhe aguentasse o espólio!
Agora perdi-me... Ia na dona Paula, creio, pois, e o pobre do jovem autor que ainda não fora naquele dia que vira as provas há tanto ansiadas. Uma carreira em risco, depois daquela resposta, acreditem, uma carreira em risco! Mas, pronto, desconte-se o mau humor à Dona Paula, triste que se encontrava por ter sido a única a ter de ficar para trás, a «aguentar o barco da casa», o correio que chega, os telefonemas, os cheques, as facturas que chegam, as miudezas do dia-a-dia, está de ver. Também, verdade, verdade é que o senhor Pinto também ficou, embora lá fora, no jardim, a cuidar das plantas e das flores, provavelmente contente por à noite já ter assunto de conversa em casa. Adiante. Voltei então ao livro em mãos. Lá me tinha conseguido acalmar, o que ficara a dever a alguns exercícios de relaxamento. Mais difícil foi conter a inquietação ao meu fiel Rocinante. Os animais são assim, é sabido que pressentem o estado de espírito dos seus donos, tomando-lhes a exacta ou exactas emoções, animando-se também eles do mesmo ânimo. Se estamos maldispostos tornam-se belicosos, e no caso dos cavalos se não temos cuidado arriscamo-nos a sofrer um coice. Já se estamos contentes, felizes, tornam-se dóceis a afectuosos, podendo qualquer um acariciá-los sem qualquer risco. Pois, o meu Rocinante estava nervoso, visivelmente nervoso, tal como eu estava e nisso não o culpo, senão a mim. Mas lá me acalmei e lá o acalmei, descendo-lhe o dorso devagar, dando-lhe umas palmadinhas afectuosas no pescoço, fazendo-lhe festas nas crinas. «Calma, meu velho amigo, calma, não há-de ser nada. Havemos de seguir adiante de cabeça erguida, não te preocupes, havemos de seguir adiante.»
Já não sou um homem propriamente novo. Vivi muito, vi muito e muito dei já que contar nas minhas aventuras que o mundo inteiro conhece. E pelejei como nenhuns, pelejei até moinhos, pelejei ventos e fantasmas, dir-se-ia que a mim próprio me pelejei... Pelo menos, assim o terão em conta aqueles que me julgam louco. Quando me reformei, julguei que a vida se tinha acabado e que terminaria os meus dias em paz e sossego junto com a minha Dulcineia. Ah, mas não, não era isso que o futuro me reservava, que aos grandes homens outro destino se encontra traçado que não o das existências que não deixam rasto nesta vida, que não o daqueles que se acomodam ao passar rotineiro e cinzento dos dias, dos meses, dos anos! Não, a mim esperavam-me ainda outros voos, outros moinhos se perfilavam no horizonte da minha errância. A convite de portugueses foi com grande dificuldade, embora com não menos sentido de responsabilidade e do dever, que tomei a opção de deixar as minhas terras castelhanas e vir para o país vizinho, pondo assim os meus créditos e valor à disposição de nova empreitada na defesa de uma nova dama, a literatura.
Mas foi isso há coisa de vinte anos, pouco mais, pouco menos. Agora, pesam-me as pernas, já os braços e os músculos não me obedecem como antes. Por isso, e apenas por isso mal desmontei o meu fiel Rocinante e logo tomei uma cadeira onde me sentei a ver o livro de vos falei... «A Verdade de Cristal»... Bem, nisto tive que conceder, se o director editorial poderia ter perdido a lucidez e a sanidade mental em matéria de escolhas editoriais, já não posso dizer que tivesse perdido o jeito para a escolha de títulos. Pois, pois... «Etelvina Prazeres», naturalmente, o nome próprio e apelido, a convocar no imediato todos os que conhecem a figura, todos ansiando revelações explosivas, algumas eventualmente sórdidas, picantes até... E depois o inteligente subtítulo, «A Verdade de Cristal» e as diversas possíveis leituras da palavra «cristal». Por um lado, a remeter para uma vida de princesa, neste caso sabe-se lá oriunda de que mundos ou submundos, e logo a presunção de um cristal frágil, prestes a quebrar-se a qualquer instante, mas prestes também a quebrar tudo à sua volta no momento da sua própria quebra. Uma, a dama de ferro, esta a dama de cristal, querem ver... cogitei. Atrevi-me enfim a avançar, folheando as primeiras páginas.
Não foram precisas muitas linhas de leitura para logo confirmar as minhas piores suspeitas. O prefácio, de resto, mostrou-se elucidativo, cristalino quanto ao teor da «obra». Dizia assim: «O desatar corajoso de alguns dos nós mais apertados da sociedade portuguesa. Os pontos nos iis por parte de quem os viveu e sofreu na pele. Um testemunho arrepiante sobre os bastidores do futebol nacional. O bê-á-bá do poder jogado fora das quatro linhas. O sofrimento de uma mulher que foi princesa e agora querem ver na ruína. Um profundo soco no estômago daqueles que pensavam que calar seria a opção. Também um olhar sensível sobre o mundo dos relvados e os homens do apito. Um abrir de portas aos balneários de uma vida a dois.» Assinava a pérola introdutória um brasileiro que, não me falhem os conhecimentos futebolísticos, era seleccionador nacional. Nessa altura, já não sabia se haveria de rir ou chorar. Ergui alto as sobrancelhas, inspirei fundo e lá continuei, abrindo ao acaso as páginas, deitando vista por aquelas linhas certamente inauguradoras de um novo e elevado capítulo da literatura nacional...
Eu ria e chorava, ria e chorava com o que ia lendo. Eram estórias do arco da velha as que ali se encontravam. Despudoradamente, a senhora Etelvina desfiava a teia do seu passado, abrindo luz sobre momentos difíceis da sua vida. Os primeiros anos de labuta passados a trabalhar honestamente num bar nocturno e de fauna duvidosa, o desunhar-se para encontrar pão para a boca, etc. e tal, e, mais adiante, algumas lágrimas depois, explicitando os pormenores acerca do momento em que conhecera o presidente do tal clube com impacto na Liga nacional com quem, primeiro, viria a amigar-se e pouco depois viria mesmo a coabitar. Foi amor à primeira vista, depreendi das suas palavras emocionadas e da lembrança dos pequenos gestos de amor que ele tivera para com ela, como homem nenhum antes houvera tido a gentileza. Que a esse tempo era um perfeito cavalheiro, um gentleman. Certo é que pouco tempo depois a então jovem incógnita deixaria o anonimato para passar a ser a mais importante senhora a norte do país. Transformada numa autêntica princesa (lá está, a tal ideia do cristal), retirada ao mundo infame onde prestava serviços, a nova senhora que nascera para o mundo dava agora novos mundos e alegrias ao sequioso mundo da Imprensa cor-de-rosa. Sim, para trás tinham ficado a miséria de uma vida cheia de espinhos a agruras, o presente fazia-se de muita elegância e discrição quanto baste, de muitos vestidos e jóias, de muita maqueáge e horas gastas em spas. Comportar-se-ia como uma verdadeira dama e nisso pusera todas as suas forças e empenho.
Era pois o destino a traçar linhas correctas à sua vida, que ela merecia isso e muito mais. Finalmente, o destino fizera justiça aos seus esforços de mudança, à sua persistência em lutar por um lugar ao sol, ainda que não a sul, mas a norte. E pelo meio do emocionado e emocionante relato, os pormenores sublimes, amorosos, deliciosos... Os problemas aerofágicos do seu mais que tudo, a sua comunidade de pontos negros, enfim, a vida íntima do casal ali, completamente aberta, desflorada como uma inocente virgem. «Quero ser um livro aberto», era o título de um dos capítulos. Outro era: «Não abro mão dos meus direitos». E ainda outro: «Abrir o passado para ganhar o futuro». O verbo abrir era, curiosamente, e ao longo de todo o livro, uma estranha constante, vá lá saber-se porquê. Também assaz interessante era um capítulo intitulado «Pernas para que te quero!» Ao que percebi, nele se dava conta de uma história de contornos macabros e policiescos. Até aí nada de novo ou de muito espantar, até porque um homem como eu já viu de tudo nesta vida. A coisa, porém, tomava foros de incredulidade no ponto em que Etelvina Prazeres se autodenunciava num caso de suposto linchamento encomendado. Dizia ela que quando, a páginas tantas, o seu esposo quis dar uma lição a um certo «filho da puta» – e as aspas denunciavam que a expressão saíra da boca do esposo, não da dela, que nunca dizia asneiras – que o andava querer incriminar numas patranhas havidas com o mundo não menos aconselhável da arbitragem, ela própria se disponibilizara para levar a tarefa a bom porto, isto é, contratando os pulhas que, por tuta e meia, tratariam de levar o tal do «filho da puta» à razão e ao bom senso. Mais dizia que a coisa se tinha feito sem dificuldades de maior, ou não fossem aqueles que ela contactara verdadeiros profissionais, gente de valor inquestionável na matéria, e que, de resto, nunca a tinham deixado ficar mal em nenhuma circunstância. Só não especificava quais.
E lá vinha tudo, tintim por tintim, como se fosse um receituário médico ou um descritivo contabilístico, com o deve e o a ver, neste caso, com as somas implicadas no «negócio», o montante avançado e o mais entregue depois de efectivado o trabalho, o local, a data, fulano tal, beltrano e sicrano que, sim senhora, garantia e isso mesmo estava disposta a afirmar, necessário fosse, perante as autoridades, também ali tinham estado e atestado mão ao supracitado «filho da puta», novamente entre aspas, não fossem dizer que ela não era pessoa de bem ou a quem faltasse decoro ou educação. Confesso, custou-me a crer que tudo aquilo fosse verdade, isto por mais pantanoso que fosse o charco do nosso futebol que tantas alegrias tinha dado ao povo no ainda fresquinho na memória campeonato do mundo da Alemanha. Mas depois pensei, não, algum fundo de verdade isto há-de ter, pois não é por dá cá aquela palha que alguém, como esta pobre Etelvina, a si próprio se denuncia correndo riscos de ir parar à prisão. Das duas uma, ou é pura mentira e tudo o que escreve não passa de pura invenção a reboque de primários instintos de vingança agora que já não era primeira dama, tendo, em consequência, perdido uma série de privilégios, ou é pura verdade e, uma vez mais, é ainda o instinto de vingança, elevado ao máximo, que a anima para a levar a testemunhos que tais. Uma espécie de amok, tal como o diagnosticou literariamente Stefan Zweig, só que, neste caso, não derivado de um estado de amor, mas antes de uma falta de amor tremenda; ao outro e a ela própria.
Outra parte do livro que me deixou de rastos, leia-se prestes a cair da cadeira, foi o posfácio, no qual o editor relatava, de forma não muito extensa, o processo de trabalho com a «autora» até dar o livro por terminado. E dizia ele que não, que ao contrário do que se poderia esperar, ou do que muitos poderiam julgar, por má fé ou mera inveja, a senhora Etelvina tinha sido uma agradável surpresa! E que ela própria fora a primeira a assumir não ser escritora, pondo imensas reservas sempre que entregava um capítulo. A verdade é que tínhamos escritora, tínhamos mão! Mão? – pergunto eu. Mão!? Pois não reconheci eu logo à primeira leitura de um ou outro parágrafo que a única mão que ali estava nas entrelinhas era a do escritor-fantasma que trabalhava para a editora! Uma vergonha! Então a senhora tinha mão! Mão invisível, só se for. No caso concreto, a do José Salvador. Não sei se será o melhor momento, mas até acho que seja uma boa altura para dizer uma palavra de agrado a estes homens, a estes fantasmas da escrita. Uns tipos que até sabem o que fazem, que sabem escrever, que escrevem os livros aos quais os outros dão a cara e não se importam com isso, com que os outros ganhem fama e proveito enquanto eles se ficam com o magro salário do mês, longe das entrevistas, dos jornais, dos programas televisivos com a menina que se encosta às estantes num namoro literário de mau gosto. Coitado do Salvador! Um tipo curioso, sim, deixem-me também que vos diga, um companheiro de muitas noites. Um tanto ou quanto pálido, de feições esbranquiçadas, ar leitoso, por vezes meio assustador, mas pronto, creio que isso acaba por ser natural na sua profissão... Esquisito, agora que penso nisso, é ele só trabalhar à noite. Pois é, é curioso, não me lembro de alguma vez o ter visto por cá de dia...
Mas pronto, era o que vos dizia, «uma agradável surpresa» e que «tínhamos mão». Esta última arrasou-me, devo confessar. Um homem como eu já viveu muito para saber que durante a vida tem de se saber engolir muitos sapos, agora há sapos e sapos, e este nem uma coisa nem outra, este era um sapão de todo o tamanho, um sapo que não havia estômago que aguentasse. Rocinante, disse para o meu velho companheiro de estrada, creio que, uma vez mais, é chegada a hora de mudar de caminho, de trilhar novos rumos que estes em que nos plantamos em nada nos merecem já. Pelo contrário, desmerecem-nos! Desmerecem-nos!

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