domingo, 8 de julho de 2007

Enfim, livre!

Aí está, está no «DN» de hoje. Zita Seabra, tire-se-lhe o chapéu, reconhece, em entrevista, os podres do comunismo em que durante anos e anos de «ledo engano» adolescente e juvenil acreditou pia e cegamente e faz um mea culpa. Só espanta pelo tardio desse reconhecimento, espanta também pelo delírio ideológico em que toda aquela gente se embebeu, e em que muitos ainda hoje vivem embriagados. Como Zita diz, e bem, apenas o lado onírico do comunismo, acreditando numa sociedade igualitária (impossível à luz do real social e dos comportamentos humanos; talvez apenas possível em círculos comunitários muito restritos), o distinguiu da brutalidade das mortes propugnadas pela barbárie nazi; com uma agravante, os mortos nazis estão contabilizados (pelo menos em grande parte, ou não houvesse da parte ariana a conhecida obsessão com a contabilização), os mortos comunistas em grande parte foram apagados, cobardemente, da História. Tudo isto Zita reconhece corajosamente, e bem. Mais corajoso teria sido reconhecê-lo noutras alturas, mas a sua coragem vem ainda a tempo, uma vez que ainda hoje muitos dos seus ex-companheiros de Partido insistem em ler a História de outra maneira, ou então não ler estas partes incómodas da História. Saramago é um desses «cegos» (tão curioso, logo ele que escreveu o tão elucidativo «Ensaio Sobre a Cegueira»!), um intelectual que prefere ler a história à sua maneira, de acordo com a cartilha comunista e unitária, que é a visão comunista do mundo e dos dias. E interessante, tanto quanto certíssimo, é o que Zita afirma logo a início: a liberdade é algo de muito difícil, implica a responsabilidade de decidir: «Quando se recupera a liberdade o mundo torna-se muito mais complexo. Não é tão fácil sobreviver. Mas a liberdade é muito boa.» E pensar nos anos de liberdade que Zita perdeu! E pensar nos anos de liberdade que milhares e milhares de pessoas perderam ao longo de décadas e décadas de jugo comunista!

1 comentário:

Anónimo disse...

Reparo que não tens comentários aos teus artigos..tens que divulgar o blog.

Para ficar registado, também li a entrevista à Zita e conclui que nem só um dia comprometeria a minha liberdade de pensar pela moral comunista ou qualquer outra moral assente em cartilha pé-fabricada.

Esse comprometimento, o dela,durante anos a fio, é indicador de uma grande falta de inteligência. Uma mente sã não reproduz nenhuma cartilha, muito menos depois de lhe terem morto uma suporta amiga dissidente.

Confirmei a minha opinião sobre ela: Pouco inteligente! Não é em 2007 que constata de deveria ter saído do partido em 1976.

Inteligência é também sentido de oportunidade.

Hoje não choveu, por isso, não useio o meio chapéu de chuva!Qual moral comunista.

Catarina (mãe da alice, a ilustradora)