segunda-feira, 16 de julho de 2007

O Ig(Nobel)

Saramago, uma vez mais, no seu melhor. Ontem, em entrevista a João Céu e Silva, no «DN», veio, qual prestidigitador da nação, título de que se deve achar merecedor, preconizar, até mesmo secundar, quiçá apoiar, a inclusão futura de Portugal naquilo a que chamou uma Ibéria. Por outras palavras, Saramago anda alheado do que seja o projecto de construção europeia, desconhece que o futuro do grande espaço europeu se faz mediante agregação e não por via de integrações. Pior é parecer-lhe bem aquilo que agoira - coisa em que os comunistas são pródigos, agoirar! -, que o país que lhe deu a língua em que escreve e se expressa possa vir a fenecer sob o jugo de uma Espanha disfarçada de Ibéria. De resto, não recordo discurso, texto ou entrevista alguma de Saramago em que o Nobel vislumbre à sua volta um lampejo de optimismo, de esperança, o que quer que seja. Chateia é que o nosso Nobel insista em meter colherada a torto e a direito em seara alheia; isto é, como nenhum outro nobelizado, Saramago mete o bedelho em tudo, critica tudo e todos, provavelmente achando que a distinção de Estocolmo lhe granjeia estatuto de vidente ou grande juiz. Que Saramago goste dos espanhóis porque estes lhe curvam a espinha da crítica literária, coisa que certamente lhe faz bem ao seu vasto e conhecido ego, compreende-se, que descambe em atoardas sem pingo de patriotismo só porque talvez ache que Portugal não se lhe curva como ele desejaria, isso já não se compreende e muito custa a admitir. A não ser a vendidos e quejandos sem pinga de amor próprio.

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