II.
Bones, a cão-anomalia
Sempre fora algo para o magrote. Agora exagerava. Despido na noite de carnes e já quase apenas ossos, fintando faróis e esquivando pedradas, o cão levantou de si forças suficientes para ladrar à solidão. Esta, não gostou – olhou-o com desdém e matou-o com o seu hálito de sarjeta imunda. Foi isso no final de Agosto, três semanas depois de Sandra ter partido com o homem de fato cinzento, que lhe deitava olho no escritório da empresa de Gestão, para «uma longa, complicada, mas muito importante reunião de negócios no Algarve, querida...» Do Bones, encontrado alguns dias depois, o melhor amigo de Sandra até à data, não restaram senão pele e ossos que contaminaram a água tépida do «poço dos desejos», como antigamente lhe chamavam e para onde una miúdos da zona o tinham lançado. Num dos prédios próximos, passados alguns dias, lia-se numa folha A4 aposta nos espelhos dos elevadores: «Informamos os senhores condóminos que não conseguimos apurar a origem do mau cheiro que se tem feito sentir nas áreas comuns. Pede-se, por conseguinte, a todos os condóminos que verifiquem se nas suas arrecadações não se encontra algum animal morto ou alguma outra anomalia.»
Cenas da próxima gota:
Um dos condóminos tinha um gato. Misha... Quando o condómino dono do Misha leu a missiva sobre o mau cheiro no elevador... Foi verificar na sua arrecadação e não encontrou nada...
segunda-feira, 2 de julho de 2007
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