III.
Misha, volta para casa!
Um dos condóminos tinha um gato. Misha. Misha tinha fugido num dos dias anteriores à morte de Bones. Arriscara a sua sétima vida e, tendo-se cruzado com o azar em forma de automóvel largado na CRIL a mais de 150, não voltou. Desapareceu. Pelo menos foi esse o verbo que se leu, durante os dias seguintes, num tosco papel A4 colado com fita-cola nalguns postes de electricidade do bairro e arredores. Quando o condómino dono do Misha leu a missiva sobre o mau cheiro no elevador, assustou-se à leitura da passagem que falava na hipótese de haver um animal morto numa das arrecadações – uma qualquer anomalia, portanto. Foi verificar na sua arrecadação e não encontrou nada, nem sinal do seu amado Misha. Por isso, não deixou de acreditar, por isso, durante algumas semanas, se pôde ler nos postes de electricidade, e também junto a alguns Multibanco, é bem verdade, um emotivo texto pedindo ao próprio Misha que voltasse para casa, que pedisse aos senhores com quem se cruzasse que lhe telefonassem, que voltasse para casa. «Misha, volta para casa!» A notícia de que afinal o mau cheiro provinha de um cão morto atirado para o fundo de um poço não o fez estremecer, nem obscureceu as lágrimas vertidas por Misha.
Cenas da próxima gota:
Porque o homem de fato cinzento lhe prometeu divorciar-se em breve... ... chegava ao escritório às nove, entrava no seu gabinete, jogava póquer na Internet... ... Limitou-se a ligar a televisão, sintonizando a novela da 4...
quarta-feira, 4 de julho de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário