XII.
Troca por troca
Entretanto, os cornos do Alves cresciam em silêncio. O que daria um outro CD, pensando bem, mas baixinho, não vá alguém roubar-nos a ideia. Alguém mais esperto, estão a ver, da laia dos malandros mais inteligentes, estão a ver, como há pouco atrás se disse. Talvez «O Silêncio dos Cornudos». Entretanto: «Estes Alves são uns bivalves...», gracejava Abílio ao ouvido de Juliana. E «silêncio» sobre tudo isto, pediu-lhe, esquecendo a laia da «peça» em tinha em mãos. O silêncio, como toda a gente sabe, é a alma do negócio, mas para este negócio era, sobretudo, também precisa muita calma. Coisa cujo significado Juliana desconhecia em absoluto. Assim, no dia seguinte, no escritório onde trabalhava o homem de fato cinzento, a nova cara-metade de Sandra, aquela que acreditava em coincidências, contou tudo à amiga. Foi, no seu entender, uma espécie de paga; toma lá esta história em troca daquela que ontem me contaste. Sandra ficou em pulgas, mesmo já não tendo o Bones em casa. E de pele arrepiada foi contar tudo ao homem de fato cinzento que, por acaso, sendo nove horas, acabara de chegar, estacionara o seu BMW série 7 no seu lugar reservado na garagem, e subira ao escritório onde já se encontrava à frente do computador desfiando as primeiras páginas dos desportivos, após o que se ligaria ao site do póquer, para depois «espreitar umas miúdas», ou umas «pitas», como a meio da tarde, fumando um cigarro no hall comum do prédio, gostava de dizer.
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