terça-feira, 23 de outubro de 2007

Histórias Fulminantes 41

Depois de anos e anos em guerra, os dois lados da fronteira sentaram-se à mesa das negociações. Ultrapassavam-se divergências, diluíam-se antagonismos, quebravam-se silêncios, esqueciam-se ódios. Já depois do almoço, bem regado a Champanhe e selado com muitas promessas e desejos de um futuro fraterno e radioso, quando os dois líderes se preparavam para assinar o armistício, deu-se um revés assaz grave: por descuido, ao esfregar os olhos, Deus deixara cair uma lente de contacto. Foi então que novas e antigas querelas se reavivaram na mente dos dois contendores. Num compasso de espera, já de esferográficas em punho, os dois homens sustiveram as assinaturas, à sua volta já todos se entreolhando e tossicando baixo. Foi o tempo necessário para que Deus tentasse reaver a sua lente, mas por azar aquela caíra nos oceanos e perdeu-se para sempre. Nesse momento o cessar fogo findou.

1 comentário:

Filoxera disse...

Tens uma grelha: Deis em vez de Deus.
Bj.