quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Obsessões

Peço desculpa, mas só pode ser gozo para com os incréus. No telejornal da SIC, agora mesmo, ao almoço (provavelmente a ver se o incréu se engasga e vai desta para melhor): «Canonização em risco/ Vaticano tem dúvidas sobre milagres» Mas de que precisa o Vaticano para dissipá-las?: «Nova catedral custa 80 milhões de euros/ Só em 2006 esmolas atingem os 9 milhões e 300 mil euros». Mas há maiores milagres do que estes? Milhares de anónimos que nos venham depositar aos bolsos tais quantias?! Mais, voltando à SIC: «O milagre tem de ser instantâneo, duradouro e absoluto»! Por amor de Deus, «instantâneo, duradouro e absoluto, só mesmo o Nesquick (que por sinal, e por ser da Nestlé - honras à Nestlé -, é o único que eu, celíaco me confesso, posso tomar). E o que pretende o Vaticano fazer para provar essa tal espontaneidade? Enviar uns aleijadinhos para Fátima a ver se as águas bentas lhes fazem algum efeito?... Mas esta gente anda a brincar? E que tal fazer subir o assunto a comissão científica? E que tal aproveitar antes para revelar para onde vai todo o dinheiro das esmolas? Sim, porque deve haver acção social onde gastar o dinheiro! E, já agora, só porque isto me tira um bocado do sério: quando é que alguém faz o milagre de fazer desaparecer (ao contrário, portanto, das pretensas aparições) o tal Monsenhor Luciano Guerra, Reitor do Santuário? Para que conste das suas enormidades, pedindo aqui ajuda ao blog de Fernanda Câncio (5dias.net):
«Não sou dada a coleccionismo, mas há coisas que me fazem abrir excepções. É o caso dos dizeres de Monsenhor Luciano Guerra, Reitor do Santuário de Fátima.
Além dos socos na boca que não interessam nada, aqui ficam mais algumas pérolas da colecção…
«corpos esquartejados de bebés vão aparecer em lixeiras de toda a espécie, ao olhar horrorizado ou faminto de pessoas e de animais» (…) Luciano Guerra considera que a ascensão da esquerda na Europa pode levar a «abortos aos milhões e casamentos de homossexuais aos milhares» (Via Carlos Esperança)
«a castidade é uma urgência» numa sociedade com «multiplicação das ligações, simultâneas e sucessivas». Segundo este responsável, esta «multiplicação de ligações» vai gerando «situações de semi-prostituição, em todos os meios sociais». (…) «Faz-se a apologia do divórcio, desprezando os inocentes, atirados para a valeta, revoltados, deprimidos, acabando na droga, no álcool, na cadeia, no desemprego permanente, no fracasso escolar» (Via Júlio Machado Vaz)
«se o marido engana a mulher, é diferente ser no estrangeiro ou à sua frente». Porque se o faz longe, sabe-se. «Mas se faz o mal onde não há contágio, tem uma atenuante.» (Via Eduardo Prado Coelho)
E mais uma excerto da entrevista publicada na revista Notícias Sábado, do DN de sábado passado - «Tenho para mim que a falta de aproveitamento dos nossos jovens está na sexualidade, que lhes absorve a atenção, mesmo sem estímulos externos, o principal dos quais é a mulher. Você sabe como é a imaginação de um jovem. Ponha agora uma rapariga ao lado e vai ver que ele se distrai mais rapidamente do que com um homem. Os ingleses concluíram isso. Quanto mais você se concentrar num prazer menos tem concentração para aquilo que não lhe dá prazer. É por isso que os drogados coitados, acabam por se drogar noite e dia, porque estão a pensar sempre naquilo. É uma obsessão.»

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