I.
Com a tesoura
recortou a Lua. Depois
deitou-se no quarto crescente.
II.
Desde a ventania
de ontem que tento
desprender-me dos teus cabelos.
III.
Um poeta morreu
uma a uma
caíram as pétalas ao silêncio.
IV.
Grande é o verso
que condensa na sua brevidade
o fulgor do existir.
V.
Ao debruçar-se no poço
olhando o seu reflexo
o velho enrugou as águas.
VI.
Com o que lhe restava
da noite arrendou
um quarto escuro para dormir.
VII.
Quando o primeiro homem
acendeu uma fogueira na Lua
o sol não pôde senão rir.
VIII.
A cigarra fez uma pausa
para um cigarro. Depois
pôs-se a escutar o canto da noite.
IX.
Um sem-abrigo
encolhido de frio
perdeu-se dentro do umbigo.
X.
O vento do Outono
acende o Inverno
das fogueiras.
XI.
Depois de roubar
todas as flores do jardim
o rapaz abriu a escola do paraíso.
XII.
O velho
tinha a pele enrugada
como uma triste madrugada.
XIII.
O ladrão esquecera um pormenor;
ao roubar a lua
ficou sem luz para o caminho.
XIV.
Agora vem o Outono
as árvores preparam
a festa das folhas.
XV.
Vi outro dia um amigo
alheado atravessando um livro
na diagonal não pude falar-lhe.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário