sexta-feira, 29 de junho de 2007

Maus exemplos

Está já on line, na net, o GodTub. Trata-se de um site que, através de vídeos enviados pelos seus utilizadores (à semelhança do YouTube) pretende pregar os ensinamentos cristãos numa tentativa de ajudar a espalhar a religião na Internet. Outro site similar é o DittyTalk, que, no entanto, tem curiosas peculiaridades. Assim, quando o internauta entra no endereço do DittyTalk é-lhe solicitado que entre em contacto, antes de tudo, com Jesus Cristo, que, atenção, atenção, tem um perfil criado na comunidade e que é adicionado como amigo de cada novo membro assim que este se regista! Curiosamente, Jesus Cristo sempre está online. Pergunto eu: qual será o seu operador de rede? e para onde lhe mandam a factura? e de que material informático dispõe? utiliza anti-virus? e faz downloads ilegais? e a mãe, não o proíbe de tanto tempo em frente ao computador? e os estudos? a escola? Ai, ai, ai, esses maus exemplos vindos de cima!!!

Histórias Fulminantes 17

Era um padre algo duvidoso. Quando foi pregar a «Bíblia» deu uma martelada no dedo que foi um trinta e um! À noite, junto à barraca dos cachorros, quando pediu um prego e um copo de vinho a martelo todos lhe disseram que faria melhor em ir pregar para outra freguesia.

Pintos nos iis

Leio agora que Pinto da Costa interpôs um processo em tribunal contra os Gatos Fedorentos. Pinto contra gatos? E logo quatro? Coitado do pinto!

Neurónios ao Ginásio

Ontem também, na apresentação dos livros de Gonçalo M. Tavares e do Paulo Kellerman, disse-se que o escritor de hoje já não se apresenta pálido e esquálido, é portanto um ser que já frequenta os ginásios. Ou seja, já não canta a formusura do mundo, antes a procura. Imagine-se, António Lobo Antunes a fazer step... ou Agustina Bessa-Luís a fazer body pump... Manuel Alegre, claro, no Body Combat... Eduardo Pitta a fazer Pilates... ou Margarida Rebelo Pinto na Capoeira... e Saramago em Total Condicionamento e Reshape...

Sapatilhas, não ténis

Ontem, ao lavar à mão as sapatilhas (é assim que chamo ao que muitos chamam ténis; ténis para mim é tão-só um jogo com raquetas) gastas e usadas da Alice, a pedirem reforma antecipada urgente, cheguei à conclusão de que foi já há muito tempo que deixei a infância e a adolescência para trás. Tentei lembrar-me da última vez que mudei de calçado por via da sua degradação ou uso ao extremo (como nos tempos de escola e contínuas futeboladas) e não consegui! Bom sinal, por outro lado, sinal de que a Alice aproveita em absoluto os seus dias. Venham mais e mais sapatilhas gastas, sujas e rotas!

Dúvida

A questão é: a cultura é hoje carreira profissional que se deseje e aconselhe a um filho? Pois, talvez os tempos não tenham mudado tanto como isso.

Beatificação Fórmula 1

Fantástico. Depois de protagonizar e sair ileso de um grave acidente quando corria o Grande Prémio do Canadá, o jovem piloto polaco de fórmula 1, Robert Kubika, confessou a amigos mais próximos que acredita que foi João Paulo II quem o ajudou. Como no cockpit não havia lugar para dois, presumo que João Paulo II estaria nesse exacto momento no céu a jogar playstation... Kubika, de 22 anos de idade, parece que tinha o nome do Papa gravado no capacete e sempre se confessou seu seguidor. Para mim, afinal, quem o seguia, e a mais de duzentos por hora, era João Paulo II! Mais extraordinário é que há quem pape estas estórias e agora queira aproveitar para beatificar João Paulo II... Uma beatificação, está de ver, em excesso de velocidade...

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Nódoa Negrão

- Epá, atão, Negrão, tás fixe?
- Tudo bem, no quente da campanha.
- Quente? Isso lembra-me a minha conta da água...
- O quê, a EPUL continua a comer?
- Queres dizer a EPAL. E de que maneira, acho que me vou queixar ao IC?
- Acho bem, o IC 19 já devia estar resolvido há muito, aquele Seara, sempre a dar em seara alheia mas resolver o que tem de resolver, está quieto!
- Não pá, estava a falar do Instituto do Consumidor.
- Ah, pois, o IRC...
-Não pá...
-Pois, eu sei, pá, se calhar o melhor era fazeres queixa no IRS.
- No IRS! E porquê?
-Então, porque é bem melhor. Um gajo dar na Cultura fica sempre bem. Olha, eu, por mim, extinguia.
- Extinguias o quê, o IPPAR? Mas a culpa é da EPAL!
- Epá, EPAL, EPUL, IPPAR, IRC, IRS, IC19, grande chato que me saíste, pareces um jornalista, pá. Ouve cá, daqui a bocado estás-me a falar da OTA...
-Já agora. O que que é que achas da OTA?
- Sobre a Marina? Bem, sobre a Marina eu acho que...
- Marina, qual Marina?
-Então, a OTA, a Marina Mota, não é dessa que estávamos a falar? Ou estavas a referir-te à Marina de Cascais? Era sobre a primeira, não era? Pois, vai muito bem no teatro que está a fazer...
- Vai, vai, vai mesmo muito bem...
- Então e tu, pá, o que é que andas a tramar?
- Olha, eu preparo um estudo sobre siglas...
- Epá, boa, fico a torcer por ti. Siga pra bingo! Ciau, agora tenho de ir, ainda tenho que passar no IPJ a dizer olá aos velhinhos. Sabes como é, aquele pessoal, volta não volta, ainda vota...

Lá estarei

É hoje a tarde, às 18h30, na Bulhosa de Entrecampos. Gonçalo M. Tavares apresenta “Os Mundos Separados que Partilhamos” (Deriva), de Paulo Kellerman, que, por sua vez, apresenta “Breves Notas sobre Medo” (Relógio d’ Água), de Gonçalo M. Tavares.

Pelo flexidespedimento, já!

Derlei no Sporting? Aqui d'el rei!!!

Rainha do Sótão!

Esta agora! Se isto é uma rainha mais valia deixá-la no sótão, onde estava, pelos vistos bem escondidinha e está-se a ver porquê! Rainha! E depois ainda querem que os meninos e as meninas acreditem em histórias de encantar. Isto não é uma rainha, é mais uma ranhosca! Hatshepsut...

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Suite com Freira





Não sei porquê, mas dá-me para fotografar freiras! Acho que gosto de lhes apanhar o ar de fuga que sempre pressinto nos seus passos. Esta vinha um pouco suja, como se tivesse fugido do convento pela calada da noite!

Autárquicas Lx 07 - Lisboa, a sério?

Histórias Fulminantes 16

Como o país era pouco ventoso deram ao homem a função de soprar bandeiras. A cada vez que uma personalidade estrangeira visitava o país lá descia o homem até ao mastro principal, enchia os pulmões e começava a soprar com quantas forças tinha. Um dia o país entrou em guerra e alguém roubou a bandeira que o homem soprava. Sem emprego o homem pôs-se a soprar as ondas do mar a ver se conseguia afastar as esquadras de navios inimigas. Só que isso era muito mais difícil e desse homem nunca mais se soube nada. Foi um ar que lhe deu.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Esta agora!

Onde é que eu pus aquela ideia para escrever o meu grande romance?

Dr. House


Nunca vi tanta gente doente por causa de um médico.

Mega vs Berardo


Homenagem fotográfica a la Wahrol marcando a abertura do Museu Berardo no Centro Cultural de Belém, seguida de carta-que-não-sei-se-deixa-augurar-coisa-boa-para-o-futuro-no-que-respeita-às-relações-do-CCB-com-o-outro-lado-do-CCB (vírgula) por-outras-palavras-não-sei-se-não-estaremos-a-assistir-ao-primeiro-tiro-de-uma-guerra-pressentida-e-já-por-muitos-aventada-que-poderá-partir-em-dois-o-ccb!

I Corrida aqualidadedosilencio 07 - seguida de um poema




touro
todo cristo e cornos
arena
coroa em sangue
redonda cruz

e há aplausos como esporas
sorrisos como espadas
caindo o dorso em dor
à carícia bruta
do toureiro elegante

não sei se seriam cinco em ponto
da tarde sei apenas o silêncio vermelho
na paleta da terra
e um rasto mudo trespassando
a praça dos meus olhos

O Barão

Partindo do original de Branquinho da Fonseca, Luís de Sttau Monteiro adaptou ao teatro um dos melhores contos do escritor presencista. «O Barão» está em cena até 22 de Julho, no Teatro da Malaposta, de terça a sábado, às 21h30, e domingos, às 16h00. Há mais de cinquenta anos, longe, no Portugal profundo, um inspector do ensino primário vai fazer uma sindicância a uma escola do concelho. Deparam-se-lhe personagens bizarras, muito diferentes das pessoas da cidade. Têm medo do Barão, que o leva para sua casa. O vinho liberta e aquele que se tem a si mesmo como um javardo revela-se também um poeta... Comungam experiências de vida, com recordações dolorosas, e irmanam-se. Nada vai ficar igual no quotidiano daquele inspector... A encenação é de Castro Guedes, a sugestão é minha.

As Viagens de Salazar

O amigo Tiago Salazar, jornalista que de há muito rabejar de escrita conheço e admiro, vai finalmente dar um livro ao mundo. No título, apesar de tudo bem sacado - embora a minha sugestão (algo arrojada, parece) tenha sido «Quo Vadis, Salazar? -, a expressa indicação do que o traz a formato de lombada e papel: por um lado, as notícias do seu andarilhar pelo mundo (não sei se isso - o já ter estado em quase todo o lado, tal como o Altíssimo - o tem vindo a tonar mais católico, mas isso, enfim, são outros quinhentos por contar...), por outro, a tradução liminar do seu ser: um rapaz de artérias manteigosas. E por isso, por vezes, de mal com o mundo, chateado com o próximo e com os dias. Nestas «Viagens Sentimentais», o amigo Salazar (curiosamente ao contrário do outro, que nunca levantou o rabinho da lusa lousa) perde-se pelo mundo. Mas atenção, tem-se perdido para se reencontrar. É sempre assim, por estranho que pareça, é preciso partir para encontrar. Assim, a cada vez que encontro o trotamundos de apelido duvidoso (ainda para mais ligado, agora, a um editor de nome Marcelo...), ele vem mais cheio: de histórias, de vidas, de cores, sons, aromas, horizontes, também de outras curvas - e talvez por estas tenha vindo a perder uns quilinhos que a barba rala tenta disfarçar como pode. Não consegue e já nem se aguenta para uma partida de ténis, a ela se excusando, pasme-se, por aulitas de ioga! Ao que um homem que já subiu aos Himalaias e que esteve quase a ir ao cume do Evereste chega! Pelo que, amigo Salazar, escute o meu conselho, que eu lhe dou de graça, volte você ao belo naco de lombo, se quiser aos bons iogurtes de antanho, mas volte, que não seja por uns tempos a fim de suas vegetarianas carnes se recomporem para futuras palmilhações do planeta, como de há muito me anda a tentar desencantar, tentando ludibriar as minhas responsabilidades familiares. Termino, e mais lhe digo, se um dia destes acordar na Lua não se espante, pode muito bem ser que, ironias da História, Salazar seja o primeiro português a seguir as pegadas de Armstrong!

Urgências

«O que é que tens de urgente para me dizer?», eis o título a servir de mote a mais uma edição do Urgências, projecto de escrita teatral levado a cabo no Teatro Maria Matos. Este ano, de 5 a 29 do corrente, sobem a palco, sob encenação de Tiago Rodrigues, textos de gente como Inês Menezes, José Luís Peixoto, Rui Cardoso Martins, entre outros. «O que é que eu tenho de urgente para me dizer?», ora aí está, por seu turno, uma boa pergunta que muio boa gente deveria colocar-se antes de dar ao blog.

Kiluanji

A Câmara Municipal de Sines inaugura, dia 1 de Julho, às 19h00, no Centro de Artes de Sines, a exposição "Ngola Bar", do jovem artista angolano Kiluanji Kia Henda, no âmbito da nona edição do Festival Músicas do Mundo. Kiluanji Kia Henda (1979) nasceu em Luanda, onde vive e trabalha. Viajou pelas várias províncias de Angola e dessas viagens resultou o trabalho "4.ª Dimensão", no âmbito da I Trienal de Luanda. Colaborou com vários grupos de acção teatral e artística em Luanda e expôs em feiras de arte e museus na Europa. Recentemente, o seu trabalho foi seleccionado para o projecto de curadoria "Check List Luanda Pop", do Pavilhão Africano da 52.ª Bienal de Veneza (2007), a par de nomes consagrados da arte contemporânea como Ghada Amer, Miquel Barcelò, Jean Michel Basquiat, Marlène Dumas, Viteix, etc. Sob o título de 'Ngola Bar', a exposição que Kia Henda traz ao FMM apresenta trabalhos recentes que partem do local - a paisagem urbana e a natureza angolanas - para a esfera global: a produção de sentidos universais, a evocação da mobilidade sobre a paisagem, a cultura contemporânea das imagens. A exposição, de entrada livre, estará patente até 30 de Setembro, todos os dias, entre as 14h00 e as 20h00.

A CIA e outros ataques


Muito escândalo ainda por aí por causa do mea culpa que a CIA fez relativamente às nódoas que mancham o seu passado. Li um colunista dizer que também só agora as pessoas parecem acreditar em tudo o que ao longo dos anos, a conta-gotas, foi sendo revelado pelos Media, nomeadamente sobre a questão dos métodos de tortura e afins usados pela prestigiada agência constitída em 1947 com o objectivo único de fazer guerra ao comunismo. Tudo em prol da segurança interna dos sagrados Estados Unidos. Sabe-se com que resultados... O 11 de Setembro está aí como termómetro de aferição. Portanto, todos se espantam, mas só agora se espantam, com o reconhecimento de culpa vindo das entranhas sujas da CIA. Por outras palavras, ninguém parece já acreditar nas histórias que a Imprensa vai contando. É pena, a Imprensa constitui hoje, e talvez mais do que nunca, o verdadeiro e único contra-poder *. O livro «Estado de Guerra - A História Secreta da CIA e da Administração Bush», de James Risen, vencedor do Prémio Pulitzer (edição Quid Novi), conta tudo (e contou tudo há bastante tempo) o que, pelos vistos, ninguém quis ouvir. Mesmo se através da voz e depoimentos de muitos dos seus protagonistas. Vale a pena ler.

* Imprensa independente como contra-poder, claro, porque uma vez congregada num só grande grupo editorial, adeus imparcialidade e isenção. Nota, a título paralelo: na semana passada, no CCB, aquando da apresentação da nova colecção de livros de bolso que três editoras tomaram conjuntamente em mãos, um dos editores presentes revelou que a ânsia compradora de Pais do Amaral pelas editoras portuguesas também a duas das editoras presentes tinha tocado/atacado. Pela independência que clamam, as duas casas responderam negativamente às propostas. É digno.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

domingo, 24 de junho de 2007

A arrumação dos dias

DR. ptn

Histórias Fulminantes 15

Não era suficientemente corajoso para o suicídio, pelo que decidiu confiar a tarefa a terceiros. Agarrou numa tela, pintou um tipo de mau ar que empunhava uma pistola e a direccionava em frente. Depois, terminada a obra hiperealista, puxou uma cadeira e sentou-se à frente do quadro à espera que o destino premisse o gatilho. Felizmente que se esquecera de carregar a arma com munições. Quando a Polícia chegou levaram a obra para a prisão acusando-a de tentativa de homicídio. Todo aquele quadro era demasiado negro para a pobre personagem pintada. Clamando inocência, mas em vão, o quadro suicidou-se derretendo ao sol que entrava pelas grades.

Lady Chatterley





Está já nas salas de cinema a mais recente adaptação ao cinema do clássico da literatura erótica «Lady Chatterley», de D.H. Lawrence. É uma bonita e fiel transposição que não se limita a explorar a vocação erotizante e carnal implícita no enredo, enfatizando igualmente a faceta sufragista e libertária da mulher emergente em meados da primeira metade do século XX. O texto de Lawrence, completado em 1928 (embora tenha conhecido algumas versões), crê-se ter sido inspirado nas aventuras de um súbdito inglês num resort turístico em Taormina, Itália, onde uma excêntrica comunidade britânica habitava. Fonte eterna de polémica, «Lady Chatterley» conheceu sucessivas tentativas de censura. Proibido durante décadas em Inglaterra, nos anos 50, o Japão e os puritanos Estados Unidos da América tentaram erradicar a sua imagem dos selos postais. Hoje, imagine-se, o livro é ainda proibido na China! Considerado um «homem perigoso» pelas hostes conservadoras, que viam com maus olhos a gradual libertação feminina, David Herbert Lawrence nasceu em 1885, em Eastwood, Nottinghamshire, filho de um mineiro e de uma professora. Faleceu em Vence, perto de Nice, em 1930. Quanto à realizadora deste novo «LadyChatterley», Pascale Ferran, ela esteve dez anos sem assinar obra (antes, a marcar a sua carreira, constam títulos como «Petits Arrangements avec les Morts», «L’Age des Possibles», entre diversas curtas-metragens), mas consegue aqui um assinalável regresso, conseguindo, com grande poética, aproximar-se da essência da obra de Lawrence. Tudo também muito por culpa da força romanesca que a actriz Marina Hands empresta a Constance. Nascida em 1975, Marina estreou-se no cinema em «La Fidelité», de Andrzej Zulawski, em 1999. Habitualmente dando vida a personagens enigmáticas, a sua interpretação como «Lady Chatterley» (talvez apenas ultrapassada em erotismo pela composição que Sylvia Kristel fez em 1981, para o filme de Just Jaeckin) veio a granjear-lhe o César de Melhor Actriz em 2007. Quanto ao outro protagonista, Parkin é o praticamente desconhecido Jean-Louis Coulloc’h. Com aparições na Sétima Arte muito fugazes, em França ele é conhecido sobretudo enquanto actor teatral. «Lady Chatterley», cheio de harmonia e equilíbrio, é ainda um belo filme de época, fidedigno nos figurinos e guarda-roupa, credível nos cenários e adereços – foi, de resto, filmado no belo Castelo de Montlhéry, onde, há cerca de trinta anos, Alain Resnais filmou um outro não menos notável filme, «Providence».

Gira-Discos



Os Lavender Diamond, de Los Angeles, acabam de lançar o seu primeiro longa-duração enquanto banda oficial, muito embora para trás já tivessem editado um EP («The Cavalry of Light»). Com doze canções, o novo «Imagine Our Love» está impregnado de lugares incomuns e conta com a bela voz de Becky Stark.

Autárquicas Lx 07 - Lisboa, a sério?


sábado, 23 de junho de 2007

Da Feira do Livro

Diálogo

- O que é o tempo?
- Um martelo de plumas.

- O que é a vida?
- A eterna ausente.

- O que é a família?
- Uma catástrofe. Loucura circular histérica com convulsões de penitência.

- Quem é Deus?
- Um pobre diabo.

- Que faz ele?
- Sobrevive sempre às suas vítimas.

- Onde mora?
- Num tinteiro.

- O que é Portugal?
- Uma cave cheia de mofo.

Ernesto Sampaio, «Feriados Nacionais», Fenda

Notícia

A Vénus de Milo
foi encontrada a comer melão
numa esplanada de Milão

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Jay Jay


Jay Jay Johanson ontem, no CCB. Sentido, profissional, bonito. Concerto quase íntimo para um auditório algo rarefeito, para meu espanto. Nada que a música não fizesse esquecer.

E agora, um momento poético

entro agora em período de férias
voltarei ao sul
com os filhos enrolados
nos braços com as pernas
cheias de areia por limpar

e hei-de mergulhar no fresco
da palavra mar
para depois receber a dolência
quente das areias antigas

fechar os olhos e ouvir
a suave rouquidão das ondas
repentinas sobre os fugídios pés

das crianças e assim dormente
inspirar o incorruptível
aroma das marés

o álcool da luz
o fulvo arder das cigarras em fundo

que fotografia nenhuma
das que irei tirar
poderá dizer ou testemunhar

senão a alegria simples
da fruta saciando a infância

saindo trémula das águas
para o quente das toalhas onde o mickey
e o homem-aranha disputam
húmidas atenções

sim
voltarei ao sul

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Autárquicas LX 07 - Lisboa, a sério?


Histórias Fulminantes 14

Há relações que dispensam palavras. A deles era uma dessas relações, uma relação fundada no silêncio cúmplice. Quando um deles quebrou o silêncio ao pronunciar uma palavra mais dura o outro perdeu todo o interesse pela conversa e desatou os gritos que as suas cordas vocais amordaçavam.

Gira-Discos


Chama-se «Comicopera» e vai ser lançado no mercado a 8 de Outubro. É o novo álbum de Robert Wyatt, reunindo 16 músicas em três «actos»: 'Lost in Noise', 'The Here and The Now', and 'Away with the Fairies'. Produzido pelo próprio Wyatt, o disco foi também gravdo em sua casa, em Louth, bem como no Gallery Studio, de Phil Manzanera. Brian Eno ou Paul Weller são outros senhores convidados, esperando eu que dêem também um pouco mais de colorido à música do grande músico que no seu anterior "Cuckooland" me deixara algo desiludido.

Biblioteca


Ler Paulo Kellerman. Apesar do apelido, é português, nasceu em Leiria em 1974, e escreve contos muito bons, técnica e sentimentalmente falando. Depois de «Gastar Palavras», edita agora, ainda com o selo de bom gosto da Deriva, «Os Mundos Separados».

Ana Moura vs Amélia Muge



Será depois de amanhã, portanto a 22, sexta-feira, às 22h00. Ana Moura, regressada de digressão internacional, e com novo álbum no alforge, convida Amélia Muge para uma noite de fado a não perder no Castelo de São Jorge, no âmbito da Festa do Fado/ Festas de Lisboa. Ana Moura, recorde-se, gravou no seu novo disco – “Para Além da Saudade” – uma canção de Amélia Muge, “Fado da Procura”. A acompanhar as «divas» estarão os músicos José Manuel Neto (guitarra portuguesa), José Elmiro (viola), Filipe Larsen (viola-baixo) e Filipe Raposo (piano). Preço de entrada: 12.50€.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Zé das Medalhas - Episódio II. Ó Zé, fazia falta?

Com o trabalho quase me esquecia. Apesar de tudo, posso dizer que ainda não recuperei totalmente das emoções de domingo passado quando a RTP repôs em hora de almoço a meia hora que antes cortara da emissão das comemorações do 10 de Junho. Aquilo é que foi no país inteiro, parecia coisa do antigamente, com os patrões e a AR a darem folga aos empregados e a suspenderem as sessões parlamentares para todos irem para os cafés ou para as suas casas assistirem à entrega de medalhas presidenciais! Só visto mesmo há mais de vinte anos, na transmissão do último episódio da Gabriela quando o país literalmente parou. Coisa bonita, a emoção da reportagem, o ritmo das imagens, o sentimento no enfoque às bacalhauzadas, a segurança e a técnica com que o Presidente distribuía as comendas, distinções de mérito e afins. E bonito o modo como os distinguidos baixavam levemente os pescoços acolhendo as fitas suspendendo ao peito as vaidades e quejandas comichões. Caro Presidente, obrigado, obrigado por tão magníficos e inesquecíveis momentos de serviço público. E como ficámos todos mais descansados por saber que uma das personalidades distinguidas, creio que por méritos em línguas (!), tenha sido uma senhora de sua graça Maria Cavaco Silva, de quem o senhor Presidente certamente já terá ouvido falar...

E agora, um momento poético

um poeta alcoolizado
foi detido a meio de um verso
quando escrevia
um poema em contramão

depois de uma noite
nos calabouços da polícia
de segurança literária
não se sabe se algum dia
recuperará a carta
de condução da escrita

as emoções
essas
ficaram desfeitas na auto-estrada
sílabas e silêncios
perdidos entre o óleo
e a chapa retorcida
de uma metáfora que não viria
a resistir aos ferimentos
sofridos pela língua

terça-feira, 19 de junho de 2007

Museu Berardo



























Hoje fui conhecer o futuro Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém. Operários em construção, ajudantes de limpeza, técnicos vários, muita gente cirandava de um lado para o outro para que tudo esteja pronto no dia 25 de Junho, data da inauguração. De máquina em punho, como sempre, eis um pouco do que vi.