quarta-feira, 23 de abril de 2008

Cine-Silêncio


«Os Fugitivos»
De André Techiné
Com Emmanuelle Béart, Gaspard Ulliel, Samuel Labarthe, Grégoire Leprince-Ringuet, Clémence Meyer, entre outros
DVD/ Atalanta Filmes

Junho de 1940. As tropas alemãs avançam sobre Paris. Odile, uma professora viúva, sucumbe ao estado de pânico generalizado e, com os seus dois filhos, junta-se ao grande êxodo da cidade. Phillipe está na flor da adolescência, a pequena Cathy apenas sabe que se dirigem para Sul. Após quinze quilómetros, são atacados por um avião alemão, que dizima muitos refugiados. Odile e os seus filhos perdem tudo. Um jovem de cabeça rapada surge do nada e ajuda-os a afastarem-se da carnificina. O seu nome é Yvan e tem dezassete anos. Deverão segui-lo em direcção à floresta ou arriscar um regresso à sangrenta estrada? Os primeiros minutos de «Os Fugitivos», de André Techiné, são momentos de tensão e desordem, de insânia e confusão. Logo imediatamente, a toada do filme muda para momentos de maior calmaria, como se as personagens saíssem do filme que iniciaram para se enredarem num outro filme, num outro enredo em que, ao invés da guerra, é já o amor que impera com as suas regras próprias. Assim é que de um contexto de guerra as personagens se enveredam, pela mão salvadora do realizador, num quase mundo paralelo de pacificação, ao qual nada nem ninguém parecem poder abalar. À excepção do amor... Odile (Emmanuelle Béart) é bela, atraente e desejável, Yvan (Gaspard Ulliel). Odilie perdeu o marido no início da guerra, enquanto que Yvan, de dezassete anos, tem o sangue na guelra vivendo com uma interpretação muito própria das leis da vida. O tempo de guerra é um tempo de suspensão, um tempo de quebra de regras, e é assim que estas personagens parecem entrar também num universo onírico de ficção. O que têm entre elas é apenas um momento, como se um lapso de tempo, um lapso de loucura que o final da guerra se encarregará de dissipar. Tudo entre elas é tão fugaz que no final do filme se coloca a questão de saber se o que se passou se passou na realidade ou foi apenas um sonho. Com produção de Paulo Branco, Techiné faz um filme de época invulgarmente simples e belo. Simplesmente isso, belo.

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