quinta-feira, 17 de abril de 2008

Agualusa vs Neto

José Eduardo Agualusa afirmou, em entrevista ao Jornal «Angolense», que a poesia de Agostinho Neto é «medíocre». Dito por quem foi dito, não espanta. Já na última edição das Correntes d’Escrita, Agualusa tinha focado de forma algo deselegante o trabalho literário de alguns seus conterrâneos da contemporaneidade. Ele talvez não saiba, mas o facto comentou-se nos «passos perdidos», por aí se ficando o diz-que-diz. Que Agualusa não reconheça mérito à poesia de Agostinho Neto, ou à literatura de outros seus pares, diz-lhe simplesmente respeito a ele próprio. É a sua opinião, e como tal, não ofendendo ninguém, nem a memória de ninguém, deve ser respeitada. Quando por emitir a sua opinião, o acusam de «ultraje à moral pública» e o ameaçam com um processo em tribunal, isso só vem comprovar o débil enraizamento moral dos predicados da democracia no seu país de origem. E por cá, é crime dizer que grande parte da poesia que se edita, muita premiada (autorizada?), carece de qualquer ponta de sentido ou emotividade? E quanto vale um nome na apreciação de um conjunto de poemas? Longe de ser apreciador do estilo de Agualusa, uma coisa lhe reconheço: a coragem de afirmar o que pensa.

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