Este sábado, às 19h00, a Igreja Baptista de S. Domingos de Benfica abre portas a uma palestra sobre Robert Kalley, médico escocês na Madeira do século XIX, que na altura, por ser protestante, se viu obrigado a fugir da ilha. Sobre a sua história vão discorrer Ferreira Fernandes e David Valente. Entrada livre.
quarta-feira, 30 de abril de 2008
terça-feira, 29 de abril de 2008
Tábuas de Silêncio - Onde Vamos Morar
Plastic Silence - João Serra
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Nem eu!
«Quando perguntei ao meu pai porque preferia o bilhar ao snooker, ele não respondeu que o bilhar era um jogo de cavalheiros, que era mais subtil ou mais elegante. Disse - O bilhar não precisa de ter fim. Uma partida de bilhar até podia durar indefinidamente, mesmo que estivéssemos sempre a perder. Não gosto que as coisas tenham fim.»
Julian Barnes, «A Mesa Limão», Ed. ASA
Meredith Monk
Paulo Kellerman
Histórias Fulminantes 84
Quando anuíram em tocar com a graça de Deus, logo, logo se arrependeram. Graça tinha bebido, tinha fumado marijuana e pôs a aparelhagem de tal forma aos berros que, a queixa do Senhor K., veio a Polícia e levou toda a gente para a esquadra. Nosso Senhor, como é óbvio, não intercedeu.
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Silence News - Jesus
Notícia no jornal de hoje: «Azuis obrigados a procurar alternativas face a saída de Jesus». Presumo que os azuis sejam os anjos...
Silence News - PSD
Hoje, no jornal, ouço falar em barrosismo, nogueiristas, mendistas, santanistas, ferreiristas, passistas e outros que tais. Eu traduzo: carreirismo.
Zapatero e a ministra grávida mais as outras oito!
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Silence News - «Ler»
Plastic-Silence - Ana Hatherly
Ana Hatherly
Galeria Ratton
Rua Academia das Ciências, 2 C, Lisboa
Tel. 21 346 09 48/ TM. 96 452 98 33
Segunda a sexta, 10h-13h00/ 15h-19h30
Galeria Ratton
Rua Academia das Ciências, 2 C, Lisboa
Tel. 21 346 09 48/ TM. 96 452 98 33
Segunda a sexta, 10h-13h00/ 15h-19h30
Até 12 de Junho
O jogo das formas, o enigma das sombras e a sempre surpresa das cores, são dados que voltam a confluir na obra plástica de Ana Hatherly. Também poetisa, a artista expõe uma súmula do seu trabalho de décadas na Galeria Ratton, em Lisboa. Com comissariado de Paulo Pires do Vale e Ana Maria Viegas, a mostra intitula-se «A Arte do Suspenso».
Cine-Silêncio
«Os Fugitivos»
De André Techiné
Com Emmanuelle Béart, Gaspard Ulliel, Samuel Labarthe, Grégoire Leprince-Ringuet, Clémence Meyer, entre outros
DVD/ Atalanta Filmes
Junho de 1940. As tropas alemãs avançam sobre Paris. Odile, uma professora viúva, sucumbe ao estado de pânico generalizado e, com os seus dois filhos, junta-se ao grande êxodo da cidade. Phillipe está na flor da adolescência, a pequena Cathy apenas sabe que se dirigem para Sul. Após quinze quilómetros, são atacados por um avião alemão, que dizima muitos refugiados. Odile e os seus filhos perdem tudo. Um jovem de cabeça rapada surge do nada e ajuda-os a afastarem-se da carnificina. O seu nome é Yvan e tem dezassete anos. Deverão segui-lo em direcção à floresta ou arriscar um regresso à sangrenta estrada? Os primeiros minutos de «Os Fugitivos», de André Techiné, são momentos de tensão e desordem, de insânia e confusão. Logo imediatamente, a toada do filme muda para momentos de maior calmaria, como se as personagens saíssem do filme que iniciaram para se enredarem num outro filme, num outro enredo em que, ao invés da guerra, é já o amor que impera com as suas regras próprias. Assim é que de um contexto de guerra as personagens se enveredam, pela mão salvadora do realizador, num quase mundo paralelo de pacificação, ao qual nada nem ninguém parecem poder abalar. À excepção do amor... Odile (Emmanuelle Béart) é bela, atraente e desejável, Yvan (Gaspard Ulliel). Odilie perdeu o marido no início da guerra, enquanto que Yvan, de dezassete anos, tem o sangue na guelra vivendo com uma interpretação muito própria das leis da vida. O tempo de guerra é um tempo de suspensão, um tempo de quebra de regras, e é assim que estas personagens parecem entrar também num universo onírico de ficção. O que têm entre elas é apenas um momento, como se um lapso de tempo, um lapso de loucura que o final da guerra se encarregará de dissipar. Tudo entre elas é tão fugaz que no final do filme se coloca a questão de saber se o que se passou se passou na realidade ou foi apenas um sonho. Com produção de Paulo Branco, Techiné faz um filme de época invulgarmente simples e belo. Simplesmente isso, belo.
De André Techiné
Com Emmanuelle Béart, Gaspard Ulliel, Samuel Labarthe, Grégoire Leprince-Ringuet, Clémence Meyer, entre outros
DVD/ Atalanta Filmes
Junho de 1940. As tropas alemãs avançam sobre Paris. Odile, uma professora viúva, sucumbe ao estado de pânico generalizado e, com os seus dois filhos, junta-se ao grande êxodo da cidade. Phillipe está na flor da adolescência, a pequena Cathy apenas sabe que se dirigem para Sul. Após quinze quilómetros, são atacados por um avião alemão, que dizima muitos refugiados. Odile e os seus filhos perdem tudo. Um jovem de cabeça rapada surge do nada e ajuda-os a afastarem-se da carnificina. O seu nome é Yvan e tem dezassete anos. Deverão segui-lo em direcção à floresta ou arriscar um regresso à sangrenta estrada? Os primeiros minutos de «Os Fugitivos», de André Techiné, são momentos de tensão e desordem, de insânia e confusão. Logo imediatamente, a toada do filme muda para momentos de maior calmaria, como se as personagens saíssem do filme que iniciaram para se enredarem num outro filme, num outro enredo em que, ao invés da guerra, é já o amor que impera com as suas regras próprias. Assim é que de um contexto de guerra as personagens se enveredam, pela mão salvadora do realizador, num quase mundo paralelo de pacificação, ao qual nada nem ninguém parecem poder abalar. À excepção do amor... Odile (Emmanuelle Béart) é bela, atraente e desejável, Yvan (Gaspard Ulliel). Odilie perdeu o marido no início da guerra, enquanto que Yvan, de dezassete anos, tem o sangue na guelra vivendo com uma interpretação muito própria das leis da vida. O tempo de guerra é um tempo de suspensão, um tempo de quebra de regras, e é assim que estas personagens parecem entrar também num universo onírico de ficção. O que têm entre elas é apenas um momento, como se um lapso de tempo, um lapso de loucura que o final da guerra se encarregará de dissipar. Tudo entre elas é tão fugaz que no final do filme se coloca a questão de saber se o que se passou se passou na realidade ou foi apenas um sonho. Com produção de Paulo Branco, Techiné faz um filme de época invulgarmente simples e belo. Simplesmente isso, belo.
Silence Show - Mão Morta na Culturgest
A partir de excertos de «Os Cantos de Maldoror», obra-prima literária que Isidore Ducasse, sob o pseudónimo de Conde Lautréamont, publicou em 1870, os Mão Morta, com a ajuda de alguns cúmplices, estruturaram um espectáculo singular em que a música brinca com o teatro, o vídeo e a declamação.Um espectáculo em que se sucedem as vozes do herói Maldoror ou do narrador Lautréamont, algumas imagens das muitas que povoam o livro, e em que se sucedem canções, sem necessidade de um epílogo ou de uma linearidade narrativa, que também não existem na obra. Os Mão Morta foram fundados em Braga, em Novembro de 1984, por Joaquim Pinto, Miguel Pedro e Adolfo Luxúria Canibal. Ao longo de mais de 23 anos de carreira tiveram diversas formações, mantendo-se apenas, do grupo fundador, Miguel Pedro e Luxúria Canibal. Banda de culto, gravou 11 álbuns, deu centenas de concertos, alguns dos quais ficaram na história do rock nacional, e é desde o início marcada pela personalidade carismática do seu líder Luxúria Canibal. Em 1997 o Centro Cultural de Belém encomendou-lhes um espectáculo a partir de poemas de Heiner Müller que foi um grande sucesso e deu origem ao CD Müller no Hotel Hessischer Hof. Dez anos depois, o Theatro Circo de Braga desafiou-os a construir o espectáculo baseado no livro de Lautréamont, um clássico absoluto que os surrealistas tiraram do esquecimento. Hoje, na Culturgest.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
Outros Silêncios
«A gata dorme aos pés do miúdo que continua doente.Na televisão os desenhos animados japoneses piscam frenéticos.Há um silêncio na casa que se não tivesse o cheiro da doença seria um bom silêncio.»
Patrícia Reis, Blog Vão Combate
Patrícia Reis, Blog Vão Combate
O problema dos domingos
«Quando Senna morreu, estávamos eu, Francesca, Lupicínio e Luanda, no bar de Eduardo, no mercado público da Encruzilhada. Tomávamos o café da manhã, naquele domingo de primeiro de Maio...»
Michael Kegler, site «Nova Cultura»
sábado, 19 de abril de 2008
Strange days are here to stay - A mosca que canta canções de amor!
«Scientists have used a laser to control a female fly's mind and make it sing "love songs" which are only ever sung by males. The ground-breaking research, which suggests the difference between the sexes may be much subtler than thought, was conducted using radical new technology which allows scientists to turn individual brain cells on and off by shining a light on them. »
Notícia em «The Independent»
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Histórias Fulminantes 83
A chama da sua paixão era tal, o fulgor amoroso dos versos tamanho, que às tantas o livro pegou fogo. «O poeta trazia o peito a arder», diziam as vizinhas. O pior é que os bombeiros demoraram a chegar e o amor consumiu-se tão depressa quanto um pau de fósforo. Neste caso, o amor foi um fogo que ardeu e bem se viu! Não por acaso, e a propósito, alguém lembrou que nas unidades de queimados nos hospitais os poetas surgem em primeiro lugar e a grande distância dos segundos classificados, os pirómanos. O Senhor K., ao ler a notícia, olhou duas vezes para o livro de poesia que trazia consigo, depois acendeu um cigarro.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Tábuas de Silêncio - Memórias de Branca Dias
Em Évora, o Teatro Garcia de Resende mantém em cena a adaptação aos palcos do romance de Miguel Real, «Memórias de Branca Dias», um texto biográfico sobre a vida desta mulher portuguesa perseguida pela Inquisição, obrigada a fugir clandestinamente para Pernanbuco (Brasil) com os seus 7 filhos, indo ao encontro do seu marido Diogo Fernandes.
«Gostava de ter sido feliz, toda a minha vida quis ser feliz, quase o consegui, embora tenha sido sempre o que nunca pude abertamente ser. Foi sempre o quase… quase… quase… Nunca fui cristã, fui quase cristã; nunca fui judia, fui quase judia; nunca fui portuguesa, fui quase portuguesa, nunca fui brasilica, fui quase brasilica, quase professora de meninas, quase senhora de engenho de açúcar, quase mãe feliz, quase esposa feliz…”
Um sempre difícil monólogo, interpretado por Rosário Gonzaga, a ver até 4 de Maio, de terça a sábado, às 21h30, e domingos, às 16h00.
Um sempre difícil monólogo, interpretado por Rosário Gonzaga, a ver até 4 de Maio, de terça a sábado, às 21h30, e domingos, às 16h00.
Ana Marques Gastão
Lápis Mínimo
Ana Marques Gastão (n. 1962), jornalista e poeta, autora de diversos livros desde que, em 1998, publicou «Tempo de Morrer, Tempo para Viver», assina agora novo volume poético intitulado «Lápis Mínimo». Dividido em onze partes, alterna textos curtos, na sua maioria, com outros de maior fulgor. Nuns e noutros casos, um desarmante fôlego poético de toada filosofante, ora mais de pendor íntimo, ora de recorte existencialista. Na palavra de Ana Marques Gastão há muito pouco de pergunta e indagação, antes mais ressuma nos seus versos um desfiar da vida e dos sentimentos vividos e experimentados por dentro. É todo um programa sobre o viver e o estar à vida, todo um elucidário sobre o amor, o prazer, o desejo, o tempo. «Lápis Mínimo» é um livro em forma de grito, é o eco de uma fala que se debruça amiúde sobre o vazio e a melancolia, tentando a custo, pelo lápis da escrita, «escorrer para a luz» do dia por entre «a desordem das sensações». «Lápis Mínimo» não é apenas um livro, dir-se-ia um livro cheio de livros, tal a desmesura de possibilidades de leitura que encerra. É um livro cheio, que nos transborda de imagens e poderosas verdades, um livro denso, profundo, sensível, um livro que a cada linha nos prende o olhar e aponta directo às emoções. E um livro sábio: «Com as palavras ama-se mais o que se deseja do que a si próprio. E eu tranformo o que sinto no que escrevo, o que escrevo torna-se em mim, age na incompreensão de mim.» Na Oceanus. O livro é hoje lançado, na Byblos, às 19h00.
Ana Marques Gastão (n. 1962), jornalista e poeta, autora de diversos livros desde que, em 1998, publicou «Tempo de Morrer, Tempo para Viver», assina agora novo volume poético intitulado «Lápis Mínimo». Dividido em onze partes, alterna textos curtos, na sua maioria, com outros de maior fulgor. Nuns e noutros casos, um desarmante fôlego poético de toada filosofante, ora mais de pendor íntimo, ora de recorte existencialista. Na palavra de Ana Marques Gastão há muito pouco de pergunta e indagação, antes mais ressuma nos seus versos um desfiar da vida e dos sentimentos vividos e experimentados por dentro. É todo um programa sobre o viver e o estar à vida, todo um elucidário sobre o amor, o prazer, o desejo, o tempo. «Lápis Mínimo» é um livro em forma de grito, é o eco de uma fala que se debruça amiúde sobre o vazio e a melancolia, tentando a custo, pelo lápis da escrita, «escorrer para a luz» do dia por entre «a desordem das sensações». «Lápis Mínimo» não é apenas um livro, dir-se-ia um livro cheio de livros, tal a desmesura de possibilidades de leitura que encerra. É um livro cheio, que nos transborda de imagens e poderosas verdades, um livro denso, profundo, sensível, um livro que a cada linha nos prende o olhar e aponta directo às emoções. E um livro sábio: «Com as palavras ama-se mais o que se deseja do que a si próprio. E eu tranformo o que sinto no que escrevo, o que escrevo torna-se em mim, age na incompreensão de mim.» Na Oceanus. O livro é hoje lançado, na Byblos, às 19h00.
Agualusa vs Neto
José Eduardo Agualusa afirmou, em entrevista ao Jornal «Angolense», que a poesia de Agostinho Neto é «medíocre». Dito por quem foi dito, não espanta. Já na última edição das Correntes d’Escrita, Agualusa tinha focado de forma algo deselegante o trabalho literário de alguns seus conterrâneos da contemporaneidade. Ele talvez não saiba, mas o facto comentou-se nos «passos perdidos», por aí se ficando o diz-que-diz. Que Agualusa não reconheça mérito à poesia de Agostinho Neto, ou à literatura de outros seus pares, diz-lhe simplesmente respeito a ele próprio. É a sua opinião, e como tal, não ofendendo ninguém, nem a memória de ninguém, deve ser respeitada. Quando por emitir a sua opinião, o acusam de «ultraje à moral pública» e o ameaçam com um processo em tribunal, isso só vem comprovar o débil enraizamento moral dos predicados da democracia no seu país de origem. E por cá, é crime dizer que grande parte da poesia que se edita, muita premiada (autorizada?), carece de qualquer ponta de sentido ou emotividade? E quanto vale um nome na apreciação de um conjunto de poemas? Longe de ser apreciador do estilo de Agualusa, uma coisa lhe reconheço: a coragem de afirmar o que pensa.
Histórias Fulminantes 82
À porta do prédio, o doido varrido esperneava, esbracejava e vociferava. À janela, ainda com a vassoura na mão, o Senhor K. abanava a cabeça com ar de desaprovação mas com a consciência do dever cumprido. Teria direito a mais uma percentagem nas contas do hospital psiquiátrico.
O Problema dos Domingos
«O método repousa aos domingos; a caminhada salva a vida todos os dias.«
Michel Serres, «Les Cinq Sens»
Os vazios
«Os vazios num diário íntimo são reveladores», escreveu Mircea Eliade no seu «Diário Português». E os vazios num blog?...
terça-feira, 15 de abril de 2008
Desacordo, claro!
Com a tourada de galhardetes que para aí anda em torno do suposto acordo ortográfico, querem prova maior de que não há nem deve haver acordo?
Americanices
Afinal, parece que o «Codex 632» de Rodrigues dos Santos na América vai ser apenas «63...», isto a julgar pelas talhadas de editing que levou. Tudo muito natural, claro, claro...
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Dexter
Ryszard Kapuscinski
Em «Auto-Retrato de um Repórter», o novo livro do escritor polaco Ryszard Kapuscinski, recentemente publicado em França, o escritor afirma sobre o mundo contemporâneo da sociedade do espectáculo: « Les conséquences sont terribles pour l'information. Il n'y a pas d'avenir, le passé n'existe pas, tout commence aujourd'hui, chaque événement est suspendu dans le vide». Em suma, o perigo é este: consegue o homem viver sem a capacidade de lembrar e de sonhar?
Cine-Livros - Pepetela
Plastic Silence - Uwe Lindau
Está já patente na Antiks Design, em Lisboa, a primeira individual do artista plástico alemão Uwe Lindau. «A Margem Dourada» reúne obras recentes de inspiração no universo português. A herança é expressionista, o mais é o traço febril, o jogo das formas, o dúbio das veladuras e transparências, o figurativo ácido e poderoso.
Cine-Silêncio - As Canções de Amor
Não gosto de musicais desde o Fred Astaire e a Ginger Rogers. Mas gostei deste «As Canções de Amor», de Christophe Honoré, que só agora vejo em DVD a sair para o mercado. Com os notáveis Louis Garrel, Ludivine Sagnierm Chiara Mastroianni e Clotilde Hesme. E com a belísssima banda sonora de Alex Beaupain, que não cessa de rodar no carro. Hoje, segue-se «Twentynine Palms», de Bruno Dumont, também a chegar ao público entretanto, com o selo da Atalanta.
Histórias Fulminantes 91
O Senhor K. escreveu: Aquele filho, ao contrário dos outros, não tinha saído aos pais. Tinha entrado. Foi às 15h47 de um dia normal e o pior é que se trancou por dentro. Até hoje os pais não conseguiram contactá-lo e ninguém consegue convencê-lo a sair, nem que seja aos avós.
terça-feira, 8 de abril de 2008
O Tibete (pelos anos 40)
These extraordinary scenes were filmed in Tibet in the 1940s and include shots of the current Dalai Lama (then still a very young boy) and his family. The opening scenes show the Dalai Lama's parents and siblings, and a procession of high-ranking men and women. This is followed by a clip of a procession with the Dalai Lama in a golden palanquin, his presence indicated by the peacock feather umbrella being carried alongside. The final scenes, in contrast, show ordinary children dancing and ice-skating in Lhasa.
segunda-feira, 7 de abril de 2008
O Sorriso de Mona Lisa
há coisa de semanas, Maria Teresa Horta fez o favor e a amabilidade de apresentar o meu livro de contos. o belo texto que então leu foi este que agora aqui publico:
Stendhal disse: “Escrever é prazer puro”. Anos mais tarde, Lou Andreas Salomé acrescentaria o seguinte: “O princípio da escrita é o do prazer. Um exercício do prazer que, num mesmo acto, dá prazer a quem cria e a quem lê...” E acrescentou ainda, “Portanto, o acto da escrita só é comparável ao acto da entrega amorosa”.
Inquietante.
Mas, na realidade, a escrita é isso mesmo: O conjunto do encontro do prazer de quem escreve, com o prazer de quem lê. E é desse todo circular, de todo esse corpo uno, revolvido e único, que é feita a literatura.
Ora “O Sorriso de Mona Lisa” de Pedro Teixeira Neves, livro cindido em duas partes díspares, mas que em si mesmas se completam e equilibram, surge desse princípio de prazer, pelo lado do excesso: o júbilo, o lúdico, como raizes que partem das suas fundações e levam à invenção, ao tumulto interior, à criatividade. E é em torno desse júbilo e desse lúdico, mas também da contensão e do distanciamento necessário, do puro gosto pela palavra escrita, que ele tem vindo a construir tanto a sua poesia como a sua ficção. Por isso se tornou num autor, a quem se aplica o princípio de “despojamento narrativo” de que tanto falou Sartre.
Despojamento que, no caso deste seu livro de contos, me parece ainda mais evidente, pois Pedro Teixeira Neves construiu cada um deles, com um espírito simultaneamente obsessivo e metódico: texto após texto, cada um deles como objecto raro. Produto do seu imaginário, enquanto criador perspicaz e manipulador do corpo da escrita: palavra, história, invenção. E como ele sabe ser inquietante, desconcertante e ávido! Desse modo impedindo o leitor de se acomodar à leitura, adormentado à luz toldada da linguagem. Mas, é sempre frente ao perigo iminente da banalidade e do toldamento, ou do risco a que pode levar o explendor literário, que Pedro Teixeira Neves melhor escreve, mais ousa, desobedece, cresce.
Só que, no terreno aparentemente aprazível da ficção, existem pedras, escolhos, esquinas imprevistas, perigosos alçapões; ou seja, aquilo que o escritor não conta-contando, na sua falsa ocultação e mistério. E, acima de tudo, existe a linguagem para degustar, para narrarmos, amarmos ou desamarmos, usarmos de muitos e desvairados modos, formas diversas e avassaladoras... “A linguagem é uma pele: esfrego a linguagem contra o outro. É como se tivesse palavras de dedos ou dedos na extremidade das minhas palavras.” – revela-nos Roland Barthes, desconcertante. Acrescentando ainda: “A minha linguagem treme de desejo”.
Vertigem?
Por seu lado Júlia Kristeva confessa: “Com a linguagem eu desacato, causo a vertigem, com a linguagem sou livre de criar a dúvida, o mistério e a inquietação”.
A aventura.
A literatura, enquanto aventura maior.
Decididamente, eis-nos em pleno risco.
Num universo encantatório, mas minado.
Ora como poeta que é, conhecedor, lapidador da palavra, Pedro Teixeira Neves sabe destes meandros, destes precipícios, sem esquecer as planicies, as lagoas, as colinas suaves. E em “O Sorriso de Mona Lisa” ele prende, une todos eles com um nó corredío, que deslaçará no acto de escrever aquilo que, enquanto coleccionador de ficções, foi por si meticulosamente elaborado, calculado. Coleccionador que o escritor acaba transferindo para o anti-heroi do conto “Um Homem Simples”, habilmente descrito como um ser sem diversidade, sem interioridade. Deste modo preciso e rápido: um “homem simples que encontramos num pacato fim-de-semana num periférico jardim nos arredores da sua cidade”.
Só que, durante o seu desenrolar a história complica-se, enreda-se de uma maneira embrincada, embrulhada em trevas, em dúvidas, em suspeitas; e no final o que acaba por ser mostrado, é uma figura por demais complexa, enredada num jogo de multiplicidades dolorosas, ligações fraternas e secretas, conflituadas, pelos meandros da memória, onde se enconta a figura enevoada de um irmão gémeo, que por acidente ele matara no passado. A propósito de ambos, o escritor pergunta directamente: dois seres “que se cruzam num plano infinito?”
Mas, se neste conto a imagem do duplo se apresenta a certa altura, evidente e clara, ela mantém-se oculta, subjacente, ao longo de todo o livro; mesmo na sua segunda parte, intitulada “Contos de Fronteira”, onde num dos seus textos chamado “Moulla”, uma irmã e um irmão misturam-se, confundem-se e confundem os outros, sob a falsa identidade a que pode levar a máscara, o gesto, o trajo.
Ambiguidade dúctil.
No dificíl entedimento-enredamento da busca de identidade. “Eterna, inevitável e incessante procura”, como bem nos explicou Freud. Desdobramento de nós próprios, ou de um outro nosso lado desconhecido, guardado e resguardando-se na penumbra do inconsciente, com o qual todo o criador mais cedo ou mais tarde se confronta. Imagem projectada que se começa por recusar, por temer, mas que simultaneamente se almeja.
Aliás, o novo livro de Pedro Teixeira Neves joga o tempo todo com essa duplicidade-cumplicidade, conivência-equívoco, entre a imagem projectada no ecran, e aquilo que no espelho é o seu próprio reflexo. Deste modo recriando um clima de enigma e de dubiedade, que percorre de ponta a ponta “O Sorriso de Mona Lisa”. Assim, com um envolvente olhar voeurysta, o seu autor faz-nos percorrer galerias de arte, museus, atelliers, capiciosamente entrando na intimidade sobretudo dos artistas plásticos. Mas, não se contentando com isso, ele vai até aos meandros insondáveis do relacionamento dos pintores com os seus próprios quadros. Deste modo misturando a realidade histórica com o mágico, o quotidiano com a fantasia.
Aliás, num passe de pura magia literária, Pedro Teixeira Neves traz até à nossa beira, ora Boticelli, Donatello, Leonardo da Vinci, Caravaggio, ora Francisco José de Goya y Lucientes, Klee, Matisse, Hopper... e por arrasto, os seus banais colones, a passearem-se pelos nossos tão desinteressantes dias; em ficções onde se salta da mediocridade do quotidiano para os universos insondáveis e recônditos da arte, numa rico conjunto de, falsificadores, plagiadores, coleccionadores, escultores, musas, e... O próprio fim. Como nos é revelado no conto “A Musa” : “No fim de tudo está o branco, está o silêncio branco do nada”.
Começo ou início.
Ardil do criador?
Aliás, num conto primordial desta antologia: “O Grande Criador”, Pedro Teixeira Neves mostra-nos aqueles que, ao criarem, tomam para si o papel de Ente Todo Poderoso, com direito sobre a vida e a morte das suas personagens, o desenlace das histórias e atá da própria literatura. Deste modo tomando o papel de Deus?
Portanto, “O Sorriso de Mona Lisa”, ao manejar a ficção, ao desvendar, ao recriar a vida, fascinando-nos com o seu ofício da escrita, e com a sua equívoca representação do mundo, é sem qualquer dúvida, um livro de autor, um livro-culto.
Embora eu prefira chamar-lhe: um livro de culto.
Maria Teresa Horta
Lisboa, 6 de Março de 2008
Histórias Fulminantes 90
Depois de muitos dias de viagem, o Senhor K. chegou a Veneza. Bateu então à porta e perguntou: «É aqui a porta do Oriente?». Ao que lhe responderam: «Não, amigo, isso foi noutros tempos, tente talvez em Ancara, mais à frente». O Senhor K. seguiu para a Turquia e ao chegar a Ancara bateu à porta. Bateu, bateu, bateu e ninguém respondeu porque todos estavam a dormir. Foi ao insistir que o Senhor K. acabou por bater com a cara na porta de Ancara provocando alguns danos, quer na sua cara como na porta, velha de séculos. Os turcos, furiosos, escancararam-lhe as portas da prisão e só muitos anos depois, já libertado, o Senhor K. pôde continuar a sua busca mas sem jamais se atrever a bater a outras portas.
Silence News - António Ferra
domingo, 6 de abril de 2008
sábado, 5 de abril de 2008
Mr. Bin
«The Bin Ladens: An Arabian Family in The American Century», assim se chama o provável novo best seller do jornalista já duplamente premiado com o Pulitzer, Steve Coll. A biografia da ilustre família saiu nos EUA e prometem-se detalhes sobre a vida de Mr. Bin, começando pela personagem do seu pai, um «quebra-tijolos» que enriqueceu deixando depois fortuna aos seus 54 filhos e filhas...
Mathilde Monnier
Mathilde Monnier na Culturgest com «Tempo 76». Mais uma coreografia dos gestos e dos silêncios do que um espectáculo de dança. Tudo em torno do conceito de «l'unisson» (em que todos os bailarinos repetem os mesmos gestos e movimentos) à mistura com supostas ironias, mas caindo amiúde numa repetição chata e já por demais vista na dança contemporânea. Nem todos podem ser Pina Bausch...
Escritores importantes
Escritores importantes: os que se retiram da vida
para fora do país escreverem sobre ela...
para fora do país escreverem sobre ela...
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Histórias Fulminantes 89
Por onde passava o Senhor K. levava o vento consigo. Foi o que lhe valeu, pois quando se preparava para beijar a mulher uma rabanada mais forte denunciou-lhe o embuste em que se metia; afinal era um travesti e os longos cabelos louros uma reles peruca agora voando.
Histórias Fulminantes 88
O livro que escrevia aproximava-se de um final tão explosivo que o último capítulo teve de escrevê-lo com pinças! Naturalmente que um livro assim tão perigoso não teve direito a lançamento, o que, por si só, foi notícia e promoção assaz bombástica, vendendo que nem cogumelos.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Sócrates e o casamento
Verdadeiramente dopado anda o Governo do senhor engenheiro Sócrates. Mas aquela história de andar, para sede de impostos, a sacar o que é que os noivos amealharam no casório lembra a quem?! É que nem à Besta!...
Marinho à deriva...
Agora é um tal de Marinho Pinto, dito bastonário da ordem dos advogados, a ser apanhado nas malhas do doping... Mas que coisa má lhe terá dado na cabecinha para ir visitar o líder dos adeptos da Besta à prisão?! Caro Marinho, leia o livro que uns posts abaixo recomendo e depois veja se ganha juizo pois parece já ter idade para isso. E já agora leia a Constituição Portuguesa a ver se percebe porque é que o dito menino adepto da Besta anda a acordar atrás das grades, de onde, de resto, tenho sérias dúvidas de que algum dia deva sair. Mas esta gente anda toda nos copos?
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