domingo, 30 de setembro de 2007

Histórias Fulminantes 34

O que é que andas a ler?
Nada. A andar já não consigo ler, fico zonzo.

Para pensar

80 milhões de euros para rezar.

Histórias Fulminantes 33

Fortuito. Fortuito e imbecil, como todos os pequenos acidentes domésticos. Patético também. Como habitualmente fazia todas as manhãs, penteava-se ao espelho e foi, num segundo de descuido, que ao fazer a risca acabou por riscar o ex-marido completamente da sua cabeça. Um acto inadvertido que veio a revelar-se fonte da sua futura felicidade. Chama-se a isto escrever direito por riscas tortas.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Tábuas


Ontem, um Ibsen fenomenal pelo Teatro da Cornucópia. Luís Miguel Cintra e Beatriz Batarda em estado de graça sobre o palco. Obrigatório.

Outros Silêncios

«A rapariga diz para o amigo que o seu escritor preferido é o Murakami. Fez, por causa dele, um curso de escrita criativa durante o Verão. Depois de o frequentar, diz, sente-se apta a escrever um romance e a tornar-se escritora. Eu ouço-a em silêncio e esbofeteio-a em silêncio.»

blog Ana de Amsterdam

Flamenco em Lisboa


DR ptn

Gira-Discos

A ouvir, em breve nas discotecas:

Iron & Wine, «The Shepard's Dog»
Joe Henry, «Civilians»
Psapp, «Tiger, My Friend»
Devastations, «Yes, U»

e no YouTube ou no MySpace:

Lavender Diamond
Pacific
José Gonzalés
Feist
Emiliana Torrini

Aprovado

Pedro Santana Lopes, silenciado em directo na SIC Notícias pela chegada de José Mourinho ao aeroporto da Portela, resolve parar com a entrevista que dava e deixar pendurada e parvónia a jornalista de serviço. Aprovadíssimo. Pedro, subiste muitos furos na minha consideração. E já agora, interromperá a SIC Notícias a sua emissão regular para ir filmar Mourinho na sua primeira ida à casa de banho de regresso a casa?

A questão é

Porque é que esses tipos (Bernardo Carvalho, Aquilino Ribeiro, Paul Auster, Augusto Monterroso, Miguel Torga) escrevem todos tão bem?

A questão é

Porque é que ando a ler cinco livros ao mesmo tempo?

A questão é

Porque é que todos os seguros de vida são um grande negócio?
A esta respondo já: porque o seguro morreu de velho.

A questão é

Porque é que uma consulta de pele de cinco minutos custa oitenta euros?

A questão é

Porque é que Lisboa continua a ser um inferno de trânsito?

A questão é

Porque é que, simplesmente, não repetem o jogo do Benfica com o Amadora?

A questão é

Há petróleo na Birmânia?

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

People are strange when you're a stranger

DR ptn

Histórias Fulminantes 32

Participava no seu primeiro encontro internacional de poetas. Comovido, antes de fazer a sua alocução, cantou o hino, emocionado e deixando escapar algumas lágrimas furtivas. O seu livro de poemas vendeu pouco durante os dias do evento, mas tal crueza dos números não impediu que ao chegar ao seu país tivesse no aeroporto, à sua espera, uma pequena multidão que o beijou, ovacionou e agraciou. Mais tarde seria mesmo recebido pelo Presidente da República, pessoa a quem não se conheciam hábitos de leitura, de poesia muito menos.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O terceiro milagre!

Só não sei se Nossa Senhora jogou em losango, fez bom uso das diagonais e subiu aos vértices... Talvez o Doutor Lobo me possa responder.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Outros Silêncios

«... O meu silêncio nomeia devagarinho a tua beleza.
Invoco-te de uma forma delicada. Invoco cada detalhe, cada
pormenor. Mas é da beleza por inteiro que o meu silêncio se ocupa.
Silêncio e beleza e pensamento, ocupam-se por inteiro.
Preenchem-se...»

Rui Machado, revista «Correntes D'Escritas», nº 3, Fev. 2004

O Problema dos Domingos

«O eleitorado de domingo, como Josué lhe costumava chamar, demonstrou uma coisa algo extraordinária: o gosto do povo por uma obediência caprichosa.»

Agustina Bessa-Luís, «As Chamas e as Almas», Guimarães Editora

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Histórias Fulminantes 31

Foi a chamada cena fracturante. Ao entrar no carro e esquecendo-se de tirar o chapéu, o agente bateu com a pala e fracturou o crânio.

Aquilino no Panteão







1. António Valdemar: «O Panteão não chega para Aquilino.»
2. Parecia não chegar era para a quantidade de polícias destacados para a zona.
3. Só com credenciação.
4. Excerto de poema de um poeta popular presente: «Quando, ao chegar à adolescência/ li «A Casa Grande de Romarigães/ dei por mim ante um feito extraordinário/ ler a obra e ter à mão um dicionário...»
5. Na TSF, um ouvinte algo confundido: «Penso que lá devia estar também o Àlvaro Cunhal, tal como o Salazar.»
6. E o desfile de BMWs!?
7. Aquilino: «- Se soubessem quantos já mandei para o Inferno, até os senhores tinham medo de mim!»

terça-feira, 18 de setembro de 2007

E agora para um momento poético

noite

vertigem de negro
leme
do corpo
proa
de silêncio
lobo
lágrima e uivo
inquietação
de sombras

vai
desenhar longe
esse teu sopro de mármore

vai
magoar distante
outros olhares

vai
murmurar longe
o teu frio

vai
pedra
eu te atiro

para lá de toda
a nostalgia do mundo

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A Arrumação dos Dias


Histórias Fulminantes 30

Era uma vez um homem que plantava gerúndios. E plantava, plantava, plantava...

Sábado, com Urbano





O Problema dos Domingos

«Odeio os domingos. Odeio a entrada na escola.»

Wendy Guerra, «Diários de Havana», Ambar

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Tudo quinado

Depois queixem-se se passarem a chamar à selecção das quinas selecção das esquinas...

Madaíl, esse pioneiro do smile personal coaching!


A teoria não é nova: o riso ajuda a combater o stress. O que não saberão, e eu também não sabia, é que já há quem postule que cada pessoa deveria ter um smile personal coach! O que não saberão, e que eu também não sabia, é que Gilberto Madaíl era, para além de presidente da federação portuguesa de futebol, um personal coach do riso, pioneiro dessas práticas e teorias em Portugal. Reparem bem, depois de reunião sobre o caso Scolari o homem diz que mantém a confiança no técnico! E nós, mantemos a confiança em ti, Madaíl?

Sim, talvez Goré!

Uma senhora, deputada, ex-vereadora da edilidade alfacinha, de apelido Pinto, casada com um senhor Pinto, que por acaso levou às televisões do Estado a defesa do ditador de Santa Comba, sobre quem veio depois a escrever um livro laudatório e faccioso, para não dizer fascista, aventou recentemente sobre a possibilidade de se erradicarem os chineses da baixa lisboeta. isto, presume-se, para início de menú: depois, despejem-se os indianos, os ucranianos, os africanos e os mais que não tiverem BI português. talvez, quiçá... para uma ilha deserta? e o Tarrafal, estará disponível? Goré?... Talvez Goré!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

E já vi os telediscos do Saura

E não gostei de «Fados». E desde já avanço, resumidamente, os porquês: porque, estranhamente (...) faltam lá alguns nomes que contam (Mísia, Paulo Bragança, Zambujo, Jorge Fernando, Cristina Branco, Maria Ana Bobone, João Ferreira Rosa, etc.); porque a coisa parece uma compilação turística sobre o fado em formato DVD; porque está longe de ser um documentário; porque está longe de dizer a história do fado; porque não é um filme; porque o fado não dança; porque o colorido está longe de ser a imagem de marca do fado; porque os japoneses decerto que gostarão da coisa; porque Saura não soube captar a essência do fado, antes o embrulhando numa multiculturalidade um bocado forçada. Ou seja, não basta querer filmar o fado para chegar ao fado. Resumindo: se em «Buena Vista Social Club» Wim Wendars resgatou do anonimato da música cubana alguns dos seus mais ilustres representantes, em «Fados», Carlos Saura mais não faz do que uma colagem panfletária de recorte plástico da canção nacional, como se a encomenda lhe houvesse sido feita via governo ou edilidade alfacinha.

Fadossauros...


E agora, até logo, que vou aos «Fados». Do Saura.

Hal Hartley


O regresso do senhor indie está aí, depois de uma pré-apresentação deste notável «Fay Grim» no último IndieLisboa. Intriga internacional, espiões e belas espias, especiaria cinematográfica de primeira este também bem humorado e frenético filme. Tudo quando a Midas Filmes acaba de editar em DVD a «Colecção Hal Hartley». Para ver, os filmes «The Unbelievable Truth», a primeira longa-metragem do realizador, «Trust - Uma Questão de Confiança», filme que revelou Hartley em Portugal, e «The Girl From Monday», inédito em Portugal. Estas edições contam com uma entrevista exclusiva com o realizador gravada aquando da sua passagem por Lisboa, ‘making ofs’ e duas curtas-metragens («Theory of Achievement» e «Ambition»), para além de imagens e biofilmografia. Em Dezembro, a Midas dará continuação à edição do integral da obra do cineasta americano com a edição de quatro DVDs com os filmes «Simple Men», «Flirt» (tríptico passado nas cidades de Nova Iorque, Berlim e Tóquio), «Henry Fool» (Palma para Melhor Argumento em 1998, em Cannes) e um DVD com um conjunto de curtas e médias-metragens de Hal Hartley.

Su Chi faz favor


Pois é, ainda estou a tentar perceber como é que um tipo se deixa fintar por este tipo de comida! A verdade é que os japoneses deram o maior salto em qualidade de vida em apenas meio século e depois de terem perdido uma guerra, portanto nada é de espantar. De um tipo ficar com os olhos em bico! Já são horas de almoço?...

Ora Bolas, secalhari...


Poizé, o cara, qui por acaso é seleccionadô di Portugáu, nem chigô a tocá num só cabelinho do outro cara sérvio, mas, pô, si tivesse tocado!... E que tau uma erradicação do futibóu? O cara só gosta mêmo di jogá na ritranca! Secalhari era melhor pensar bem no assunto. Ou terão sido apenas demasiadas noites seguidas a ver o Fight Club?

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O erro de Eros - Um conto com barbas

Na pacata vila da Anunciada, José Lembranças passou a chorar baba e ranho dias a fio. Os amigos visitavam-no, contavam-lhe episódios vividos havia meses, coisas da semana passada, ocorrências do dia anterior, episódios de poucas horas passadas, que fosse, mas nada, ao homem varrera-se-lhe toda e qualquer réstia de memória. Fazê-lo relembrar fosse o que fosse era tarefa mais difícil do que pôr suspensórios numa cobra. E logo a quem haveria aquilo de suceder?! Ao Lembranças, o sacana do Lembranças que tanto se orgulhava de no seu arquivo de memórias conseguir recuar até cerca dos três anos de idade! Um feito detalhado, coisa para admirar, depurada ao ponto da inventariação de cheiros, cores, locais, sabe-se lá o que mais. Em terminologia moderna, para que se entenda o calibre da coisa, aquela cabeça seria um Pentium carregado de megas e jigas e outras lisuras contemporâneas que tais a debitar o passado de tudo e todos. Todos, sim, porque sendo a terra onde habita o nosso amigo desmemoriado um lugar em que estranhamente os seus habitantes pouca memória tinham era ao Lembranças, cognome, claro está, que confiavam e confidenciavam as suas vidas. As lícitas, corriqueiras e quotidianas, e as ilícitas, pejadas de corneações, mentiras, cobiças, invejas e quejandas fraquezas de alma e espírito. De modo que não sendo propriamente um padre, Lembranças era uma espécie de confessionário em forma de gente, um espantoso banco de dados, entendamo-nos. Perguntassem-lhe a data de nascimento deste ou daquele vitelo, daquela bezerra ou daquele cabresto, enfim, de toda e qualquer bicharada nascida nas cercanias e logo ele debitava horário, morosidade, responsável pela assistência ao parto e respectivo peso e coloração do animal. Mas isso é apenas um exemplo entre muitos outros, e já que estamos nisto, com ele alinhavam todos no jogo dos anexins, adágios ou tautologias – que os há para dar e vender nesta santa terra lusa... -- e logo Lembranças se encarregava de os concluir. Assim, em verdadeiro desfiar:
-- Quem bem paga...
-- ... é herdeiro do alheio.
-- Sua alma...
-- ... sua palma.
-- Comer e coçar...
-- ... o ponto é começar.
-- Azeite, vinho e amigo...
-- ... o mais antigo.
-- O negociante e o porco...
-- ... só depois de morto.
-- Dá deus o frio...
-- ... conforme a roupa.
-- Ande eu quente...
-- ... e ria-se a gente.
-- E quem tiver inveja...
-- ... que arrebente.
E por aí fora iam, com Lembranças espantando e divertindo os circunstantes com o seu saber enciclopédico. «Fala como um livro», diziam dele. E assim era, endereços, datas de nascimento, relação de familiares de todos os habitantes, telefones, era de facto um assombro. Já noutro plano, porém, no das confidências pessoais, Lembranças era mais comedido. E o que ele sabia! O rol de cornudos, esse, bom, até espanta como o homem tinha espaço na memória para tamanha informação... Não admira que as mulheres muitos esforços envidassem para lhe tentar sacar algumas «novidades». Ele, porém, calado, até porque o seu silêncio lhe ia valendo uns cobres e uns copitos sempre bem aviados na taberna do Alvarinho. Atestado e olhando a cumplicidade suposta no sorriso dos companheiros era ele que, no fundo, mias se ria pensando nas corneações de que tinha conhecimento mas no feminino...
Ora foi justamente na «casa do Alvarinho» que ao início de uma certa noite Joaquim Pata Roxa entrou vomitando os bofes e mal conseguindo articular sílaba com sílaba.
-- O Lem... o Le-lem... o Lembranças.
-- Que é lá isso Roxa, perdeste o juízo? -- atalhou Manel Andeiro tentando serenar o desgraçado.
-- O Lembranças, foi um azar, uma besta...
-- Mas ó Roxa, acalma-te, não atinas coisa com loisa. Senta-te e arruma os pensamentos – disse-lhe o Bota Negra apondo-lhe a grossa mão no ombro e sentando-o quer ele quisesse quer não. -- Atão afinal que diabo têm as bestas a ver com o Zé? Terá antes sido picado pelas vespas do Onofre? Foi isso?
-- Antes tivera sido, antes tivera. Mas foi mesmo uma besta, foi lá em baixo, no Barranco das Amendoeiras, onde o fala-barato do Meireles inaugurou o campo de tiro para turistas faz agora duas semanas... e ele andava lá, a colher informações, bem se vê, e foi atingido, uma flechada em cheio na testa, vocemessês querem acreditar!!!
-- O diabo da besta!!! – assentaram os presentes num coro de admiração.
-- E agora? Ele aguenta-se? Como vai ser? Finou-se?... -- perguntou o Alvarinho que também se aproximara da mesa.
-- Agora, agora está em casa do meu compadre Juca, mais o padre, o médico e as beatas todas. Parece que se aguenta, diz o doutor que é um caso raro, coisa para milagre mesmo, o pior...
-- O pior? -- Engoliram todos temendo justamente o pior.
-- O pior é que não se lembra de mais nada. O pobre diabo parece uma cassete destrambelhada, não se recorda de nada, nadinha, o diabo é que de quando em quando lá sai uma ou outra informação menos conveniente... Ficou doidinho, estão a ver...
Entreolharam-se todos com ar de caso e preocupação. Repuxaram os pescoços para o lado, beberam duas rodadas de «pura» e saíram rumo à casa do Compadre Juca.


E num salto ali se puseram, transpondo já, com mil cuidados e algodões, a porta do quarto onde Lembranças se encontrava estirado ao comprido em cima de uma cama. Se agonizava? Bem, o desgraçado sofrer não parecia sofrer, mas... como dizer, enfim, que padecia de alguma coisa, havia de padecer, pois que aquele olhar semi-morto para o infinito não prenunciava nada de bom.
-- E ele fala? – questionou Manel Andeiro.
-- Falar, fala, mas só quando lhe dá na telha – respondeu Compadre Juca cumprimentando o Andeiro e os demais visitantes que de imediato dirigiram respeitos ao Doutor Alves da Cova. Este, arrumando os instrumentos dentro da sua inseparável mala de couro, adiantou um «Boas Noites» geral e ainda comentou, mais para si do que para aqueles que o escutavam atentos como mochos parecendo até que aguardavam a revelação – mas a verdadeira – do terceiro segredo de Fátima:
-- Cage, Philleas Cage, é isso, exactamente, o tal operário inglês a quem aconteceu coisa semelhante... Hum... Veremos, veremos.
Alçando os olhares e cruzando ignorâncias a respeito do solilóquio do médico, todos os presentes se abeiraram do leito de Lembranças. Incrédulos com o espectáculo, queriam comprovar de distância bem comprovada a sobrevivência do azarado que ali definhava, olhar aguado, distante e com a cabeça atravessada, de fonte a fonte, por uma seta. Mas na realidade ele respirava! «Santo Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo e por todas as alminhas que há no Céu» -- diziam --, ele respirava!!!
Entre o medo, que é bicho que sempre acode face aos fenómenos não explicáveis, e o respeito, que é consequência imediata do dito, a sala calava-se a cada vez que Lembranças deixava escapar um qualquer facto. As mulheres elevavam então os braços, benziam-se de seguida e desatavam baixinho em preces que só elas poderiam traduzir. Os homens, esses encolhiam os ombros para trás e passavam as mãos pelas faces mal escanhoadas. E todos, claro, atentos aos ditos com que Lembranças ia borrifando as horas, cada qual mais atento do que o próximo sempre à cata de uma qualquer revelação surpreendente sobre os conterrâneos.
Os agentes da Judiciária vieram depois, prestimosos a tomar conta da ocorrência. Tiraram medidas. Viram e reviram entrada e saída da flechada, torceram olhares e retorceram esgares, sorriram entre dentes como só eles sabem fazer (coisa de filme, bem treinada), e escrevinharam mais umas notas. E perguntaram, como haviam aprendido no Curso de Reciclagem para Oficiais da Polícia Judiciária que o Ministro da Administração Interna acabara de lançar pelo país a bem da imagem das Polícias e dos direitos dos cidadãos: o quê?, quem?, quando?, onde?, porquê? e como?
Perguntaram e bem, mas o facto é que poucos souberam avançar respostas rigorosas ou pistas quaisquer por pequenas que fossem. Ninguém vira coisa alguma, asseverou o dono da casa, Compadre Juca, excepto o Libório Pastor que o trouxera ao ombro adiantando que o encontrara por terra junto às grades de protecção do novo campo de tiro, mas que tinha que se ir embora depressa pois o rebanho ficara ao Deus dará. Se tinha inimigos o Lembranças? Mas por alma de quem os haveria de ter, tanto mais que era ele um precioso auxiliar de memória para todos! Por outras palavras, perguntou o agente Dória, esgaravatando a sempre incontornável tese do crime em prejuízo do aparente acidente:
-- A quem é que poderia interessar que o homem se esquecesse de tudo aquilo que sabia?
Ninguém soube responder e por ali se ficaram as primevas investigações, remetidas, até mais adiantamentos, para o sepulcral silêncio da esquadra. Também, e na verdade, dentro do quarto importava mais àqueles que ali acorriam intentar saber como tinha sido possível que o Lembranças não tivesse batido as botas! Diga-se, aliás, que entre vozes se pensava já em escrever um breve relato do caso para a Santa Sé a ver se a história do milagre pegava, porque isto, sabe-se, um milagre faz sempre bem aos negócios de qualquer terra. Bota Negra, que costumava ver os telejornais -- um tipo informado, perceba-se --, é que perguntou, ainda que sem foros de grande inteligência:
-- Mas atão, o senhor Santo Papa ainda consegue ler, ele que anda tão velhinho e tão curvado que mais parece um caracol?


Os dias foram passando e José Lembranças pouco melhorou. Àqueles que o foram visitando aos poucos e poucos foi-os reconhecendo, mas revelava-se incapaz de se lembrar fosse do que fosse. Dava-lhe era para o choro, e vertia baba e ranho ao dar-se conta do manancial de informação que perdera. Pelo menos era o que lhe contavam os amigos, os confidentes. Um desastre, por outras palavras. Tal qual como se um vírus lhe tivesse infectado o «sistema». Um vírus, sim, ou pior, só que sob a forma das armas de Eros, que como se sabe são das mais mortíferas à superfície do planeta.
A José Lembranças não se conheciam parentes, pelo menos num raio de cem quilómetros. E a verdade é que mesmo tendo o caso sido relatado e discutido na imprensa nacional, televisões, revistas, jornais e reality shows, ninguém apareceu a reclamar laços sanguíneos. Pudera, cuidar do «índio», como já lhe chamavam, não haveria de no futuro ser pêra doce. Passado o empolgamento próprio dos casos afins, debatidos e apresentados mais não se sabe ao certo quantos casos similares embora desconhecidos até à data, o assunto morreu na agenda dos noticiários das oito. Não na vila, porém. É que o Lembranças era um personagem, um figuraço lá da zona, e, para mais, quem sabe se um dia ele não voltaria a recordar-se de toda a informação que guardava e que ia debitando, de quando em quando, embora de forma desconexa e avulsa.
-- Tão claro sendo necessário olhar pelos mortos, é sobretudo preciso e um dever cuidar dos vivos. – Foi deste modo, preciso e claro, que o recandidato à Junta de Freguesia, Dionísio Meireles, pôs as coisas em inflamado discurso na sede da colectividade da Anunciada. E acrescentou, pois que as eleições estavam próximas e as coisas não lhe vinham correndo muito bem: -- O país já o esqueceu, Anunciada não! Eu, Dionísio Meireles, da lista A, prometo-vos que comigo à cabeça da Junta... (!) ... eh... comigo à frente dos destinos da freguesia José Lembranças terá sempre quem olhe por ele. É meu propósito, nesse intuito, tratar de, e pessoalmente, garantir que uma cama lhe seja reservada o quanto antes no Centro de Assistência aos Inválidos, futura instituição de apoio aos mais carenciados e desprotegidos que eu próprio também tive já a oportunidade de anunciar como mais uma das realizações do meu próximo mandato.
Palavras rebuscadas, sim senhor, mas às quais o auditório, mais interessado de resto no jogo entre o Alfarrobeira e o Caceteirense, pouca atenção prestou. Ao eloquente discursante conheciam-no de outras Calendas e não muito diferentes no verbo. Sabiam-no um vendilhão de promessas e nada mais do que isso. Para mais, Meireles associara-se nos últimos anos a uma plêiade de interesses no mínimo muito duvidosos e sobretudo pouco claros. Promessas, ao povo, no último pleito, fizera às dezenas apresentadas em bonito papel couché bem gramado, de uma a cem! Aquilo ia ser uma revolução lá para os baixos da Anunciada. O progresso, pois, o pleno emprego, o retroceder da desertificação humana, as oportunidades para os jovens, a assistência médica, à agua potável e canalizada para todos, as estradas sem buracos, o fim dos incêndios, enfim... o progresso. O progresso, sim, o que chega por regra primeiro aos bolsos de uns em prejuízo, está-se a ver, da imensa maioria que são os demais.
Desconsolado e meio furioso, mas não o dando a entender, Dionísio Meireles voltou ainda à carga antecipando mais uma mão-cheia de promessas e rematou sublinhando novamente as «profundas» preocupações com o futuro de Lembranças, o «índio». E saiu, não desistindo de aos presentes ir oferecendo pequenos saquinhos com porta-chaves, autocolantes e bandeirinhas onde se podia ver a sua cara sorrindo sob o slogan «Com Meireles, Elas e Eles».
-- Quanto é que está?
-- Dez a zero, ganha o Caceteirense.


Quem saiu das instalações da colectividade, logo após o abandono do recinto por parte de Meireles e seu séquito de acólitos, foi também o agente Prado, que para aí se deslocara à paisana a ordens do seu superior, o já citado nestes «autos» agente Dória a quem se havia metido na cabeça que por detrás deste «acidente» havia gato.
Gato por gato, quem foi afastado de debaixo da secretária por um pontapé foi o Bicho, o gatarrão de Dória que com ele partilhava os metros quadrados do seu escritório na esquadra. – Ó Prado, chega-te aqui! – ordenou enquanto demorava um olhar guloso sobre os seios fartos da pin up que no calendário dos Aquecedores Saragoça dava corpo e cara e tudo o mais com que viera ao mundo ao mês de Agosto. Um quente mês de Agosto aquele, a que depois das manifestações dos ambientalistas por causa do tamanho exagerado da parabólica da colectividade só faltava agora este caso do Lembranças. – Chiça!!!
– Então, o que é que caçaste?
– O meu superior se calhar tem razão...
– Se calhar?...
– Pois, há-de ter, naturalmente... Na verdade, a tónica do discurso do Meireles incidiu, como aliás o chefe suspeitava, sobre o caso que temos em mãos.
– Cheio de projectos para o Lembranças, não é?
– Precisamente. Fala de um Centro de Assistência onde parece que vai pôr uma cama... enfim, depois desatou com as promessas que já se sabe insistindo no eu, eu e mais eu.
– Estou a ver, o discurso próprio de quem se enfeita com penas de pavão. E o povo?
– Népias.
– Népias?
– Pois, não lhe ligou cheta.
– Hum... Há gato, há gato, não é assim, Bicho? – rematou Dória assentando pedra e cal.
Na taberna do Alvarinho, a investigação era outra, mas não corria em sentido muito diferente, que aquilo que o povo não sabe intui. Ou fareja, porque como também se sabe a vivência com os animais espicaça os sentidos que aos homens da cidade parecem fugir. E comentavam assim, em regada conversa, Manel Andeiro, Joaquim Pata Roxa, Bota Negra, Compadre Juca e o próprio Alvarinho.
– Eu estranhar, estranhei. Pois não foi ele o único que não quis ir ver o homem logo após o acidente e logo agora vem com estas histórias do apoio aos desgraçados e do Centro de Apoio.
– Estou contigo, Bota Negra. Tenho para comigo que não foi nada um acidente. Atão, uma flechada enviada noventa graus para a esquerda do alvo, pouco mais ou menos... É lá isso possível sem que tenha havido gatilho engatilhado?! – Ajuntou Manel Andeiro, apondo assim, e talvez sem o saber, mais uma peça no puzzle.
– Têm vocemessês razão. Pensando bem, e se for-mos a ver, a vida do Zé nunca esteve na mira da desgraça. Pelo contrário! – disse o Alvarinho, servindo mais uma rodada, que em grupo de amigos mais funciona como óleo para a língua do que como pomada para o estômago.
– E você, Compadre Juca, que o tem ainda lá por casa, o que diz do caso? – perguntou Pata Roxa.
– Bem, do que o Lembranças diz ou vai dizendo pouco tenho a dizer. Felizmente para todos nós não sai dali coisa com coisa. Perde-se em divagações, não diz uma prá caixa. Depois, é o mesmo de sempre, choro, baba e ranho. A minha Alzira é que não tem tido descanso nas limpezas.
– E a seta, a flecha?
– A flecha? Atão, lá está. Diz o Doutor Covas...
– ... Alves da Cova.
– Isso, isso... Diz que o melhor é não mexer no assunto, se me faço entender, não vá depois o orifício deixar esvair-se-lhe o cérebro ou informação que não interesse.
– E é bem capaz de ter razão, é bem capaz de ter razão. Mexer em milagres é coisa que não se deve fazer. – Sentenciou Manel Andeiro e os outros concordaram antevendo-se já em camisas de onze varas temendo que por algum azar o Lembranças desatasse subitamente a pôr cá para fora informação menos própria sobre as suas vidas. Pois se já como as coisas estavam andava meio mundo enrascado com o facto de o «computador» ter falhado, quanto mais se a coisa se complicasse! Ao menos assim, enfim, perdia-se um amigo mas não se perdia tudo.
– Quem sabe, não se poderá fazer do caso uma atracção turística? – atirou para a mesa o Bota Negra em mais uma das suas perguntas pertinentes. E continou: – Juntamos-lhe o gato das duas cabeças do Arlindo Fazendas e mais a cabra malhada do Ti Ramos da Aguada e é sucesso garantido. O que é que lhes parece?


A casa de Dionísio Meireles respirava conforto na vida. Talhe recente, dois pisos amplos, tinha dez quartos, comentava-se – e para quê?, para quê, se ele nem sequer tem descendência? –, um jardim relvado bastante desanuviado servido de piscina e zona de grelhados, a que acrescia o necessário e indispensável parque automóvel para quatro Mercedes se preciso fosse – e era, e era! – dizia-se também. Dois leões em pedra encimavam os pilares do portão de entrada. Era sportinguista.
Nascido na vizinha Aldeia da Desdita, Dionísio era filho, neto e bisneto de gente humilde. O pai, o velho Teobaldo Meireles, era um simples camponês, rijo como as vinhas que tratava com mais amor e dedicação do que aos filhos. O amor aos frutos de Baco e a toda a laboriosa tramitação em torno do crescimento das vides até ao tempo das vindimas, lá para Setembro, fora, de resto, e muito provavelmente, o principal responsável pela sensação de rejeição que iria moldar para sempre o vincado e retorcido carácter do pequeno Dionísio – cujo nome, curiosamente, fora imposto pelo pai em virtude do desmesurado amor à vinha e ao vinho. Mas, dizíamos, e em virtude do exposto, cresceu Dionísio imbuído de um forte desejo de vencer na vida, deixando nas páginas do passado as agruras a que associava as vides e lides do pai. A mãe, por seu turno, era demasiado apagada e reservada para lhe inculcar qualquer marca no espírito. Ambicioso e tenaz, que são raízes que facilmente singram na terra fácil das dificuldades da infância, Dionísio não olhou a meios para atingir os fins sonhados: ser alguém na vida. E jurou no dia em que deixou a casa paterna, olhos nos olhos da mãe chorosa que o via partir:
– Ainda hei-de ir a presidente da Junta. E foi. Não na Desdita, mas na Anunciada.
O caminho para o poder, mesmo se falando estamos ao nível dos baixos círculos, delineia-se, traços gerais, do mesmo modo em qualquer morada ou geografia urbana. Uns contactos felizes para início, fato e gravata depois a juntar a uns sorrisos estudados, favorzinho aqui, outro acolá, um fechar de olhos a este ou àquele contornar dos preceitos legais, enfim, a estratégia habitual que costuma levar aos gabinetes de decisão um ou outro tipo que tenha um bocado mais de queda para a coisa política. Chegar ao cimo, porém, nem é coisa de muita ciência – em terras de cegos um só olho bastará –, mais difícil, e isso ensinam todos os manuais de ciência política, bem como as experiências reais, é permanecer no poleiro… perdão, no poder. Pois bem, isso mesmo, quase findo o mandato para que havia sido eleito, descobria agora Dionísio Meireles. Promessas fizera-as ele há quatro anos. E tantas eram que chegou a contratar na altura os serviços de uma gráfica do Seixal – que lhe fora recomendada pelo Viegas da Mortiça, responsável pela propaganda eleitoral do Partido na região – para dar à estampa apurado e cuidado livrinho com o pomposo título «Cem Medidas Rumo ao Futuro da Anunciada». Coisa bonita, sem dúvida, pena que Meireles desconhecesse que o pequeno volume viesse a aparentar-se mais com o célebre «Crónica de Uma Morte (política) Anunciada» do que com qualquer futuro manual sobre como atingir o progresso social. Outra coisa que Meireles se preparava para descortinar era que quanto mais alta e rápida a subida maior e mais rápida ainda se revela a queda!
O retrocesso no meteórico percurso ascensional de Dionísio Meireles deu-se quando, em amena reunião de amigos em sua casa, regada com um bom vinho e umas febras alternadas com um mergulho na piscina em forma de leão e com listras verdes e brancas pintadas no fundo, ele comprovou a sua queda nas preferências eleitorais do povo realizando que as estatísticas elaboradas pela rádio local punham à frente do seu nome o de Gervásio Lampreia. A «máquina» então assustou-se. Meireles irritou-se, terminou com duas dentadas a entremeada que tinha em mãos, limpou os gordurosos dedos na toalha de mesa e sobre esta desferiu valente murro. – Não pode ser! Os seus serviçais assustaram-se, saíram do azul das verdes águas, secaram-se nos atoalhados, terminaram as febras remanescentes e dispuseram-se a inverter o rumo dos acontecimentos. Como a aflição não é boa conselheira, bem como a falta de ideias e projectos, decidiram-se pelo pior caminho: a eliminação do adversário.
Com esta conversa toda, perguntar-se-á por esta altura e bem, o que tem com tudo isto a ver o desgraçado José Lembranças que ainda por esta hora agoniza e se esvai em baba e ranho em casa do não menos desafortunado Compadre Juca, cuja casa e esposa não têm descanso desde o mal fadado acidente. A resposta é: tudo! Lembranças, como já se disse, era talvez a mais conhecida personagem da Anunciada. Para além disso, depositário que era de tudo quanto fosse segredo na terra, encobridor de passos menos seguros no caminho de muito boa gente, não admirava que todos o respeitassem. Era também um fervoroso adepto do progresso dos seus conterrâneos e os destinos políticos da terra eram em si uma preocupação constante. Arguto e atento, homem que nada esquecia, vinha de há muito a insurgir-se contra a inépcia do reinado de Meireles à frente da Junta. E que fez ele? Não fez a coisa por pouco. Ligou-se a Gervásio Lampreia e passava os dias a debitar, para quem o quisesse ouvir, e eram muitos, todas as cem promessas não cumpridas por Meireles. É óbvio que este, em sabendo do caso, se enfureceu, estado de espírito esse que levou à decisão tomada no tal dia das febras e entremeadas em volta da piscina: Lembranças era o homem a abater. Mas como? Alguém lembrou então que «o sacana» costumava espreitar o novo campo de tiro, única realização da lavra de Meireles que, no entanto, ninguém conseguia explicar tanto mais que seria a última coisa de que a freguesia necessitava. Lavagem de dinheiros, era a teoria mais aceite no adro das discussões sobre o assunto.
Foi, contudo, no gabinete (como pomposamente agora se diz) de beleza e styling da Mena que o plano de Meireles veio a meter água. Sabe-se como as mulheres são, e, mais do que isso, sabe-se como são estes salões de vaidades, uns verdadeiros confessionários, pelo que, à falta do Lembranças… À falta do Lembranças Dinora não se conteve. E lá foi, ao longo de uma tarde inteira, de mansinho dando com a língua nos dentes. Que uma destas tardes, não há muito tempo, o marido, «o meu Memé, sabem?», os amigos e tal e tal, em volta da piscina, de «25 metros, claro», e dos grelhados, «ai fuma tão bem, sabem, não olhámos a despesas e uma vez que gostamos tanto de receber os amigos»… Enfim, foi o que se adivinha, o caldo derramado. Dinora, para mal dos seus pecados e dias futuros, acabou por não se conter deixando subentender que o seu querido «Memé» tinha estado na origem do acidente com a flechada. Mariazinha Dória, que ali estava presente por via das manhas do acaso, e que já havia aprendido umas manhas investigatórias com os anos de casada que levava com o seu marido, o agente Dória, não fez a coisa por menos. Aproximou-se mansinha, sorrateira e dengosa como uma cobra, e pôs-se a fazer a mise e unhas ao lado de Dinora Meireles. Quis saber mais e soube. E soube aquilo que já se adivinha. Que estando um dia Meireles a treinar uns disparos com a besta, vislumbrou, não mais do que a cem metros, José Lembranças cuja casa se situava paredes-meias com o campo de tiro, ali mesmo, no Bairro Económico. Não fez a coisa por menos. Meireles, armado em Eros, não errou o alvo, embora tamanha pontaria viesse a constituir o seu maior erro. É claro que Mariazinha se despediu de Dinora com mil floreados e é claro que correu para casa a contar tudo ao seu marido; que gostou do seu novo penteado e que, por sua vez, juntou todas as peças do processo e de imediato foi visitar o desdito presidente da Junta. Gervásio Lampreia, esse, rejubilou com a sua prisão e em matéria de José Lembranças acabou por ir mais longe prometendo ao povo «uma estátua em… em… em... Corrijo, pela sua memória, claro está!»

Histórias Fulminantes 29

Pergunta a boina baixa à boina basca:
- De onde és?
- Do país Basco. E tu?
- Dos Países Baixos, não se vê logo?...

Dalai na lama


Ganhou o Nobel da Paz, promove o encontro de povos e religiões, luta pelos direitos do seu povo, invadido, torturado e silenciado pelos chineses. Vem a Portugal, país que luta pela paz, Estado agnóstico, pioneiro na luta pelos direitos humanos, país livre e pela liberdade. É o Dalai Lama, cuja visita a solo luso é atirada, à esquerda e à direita, verdadeiramente para a lama. No Governo e na Presidência da República ninguém o quer receber! É o chamado «Dirty Realism» da política internacional. Quem manda é a China e nós ficamos de olhos em bico, obedientes e caladinhos perante o gigante económico à espera de com tal atitude se poderem, quicá, exportar para lá meia-dúzia de galos de Barcelos...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Pauliteiros

«Com a sede não se brinca!». A frase, do ano, foi dita num dos palcos da Festa do Avante! pelo spoker dos Pauliteiros de Miranda. Notável, como notável a sua apresentação que devia ser visita obrigatória às escolas do país. Tipo assim, numa cadeira de nomenclatura à antiga, Cultura Portuguesa. Que devia, devia.

Histórias Fulminantes 28

Alfons Quevedo tinha tão bom feitio que era consolador de concorrentes perdedores em concursos televisivos. Quando a um concorrente com muito mau feitio lhe disse que não se importasse pois que com o seu mau perder nunca poderia ter ganho, aquele, em jeito de consolo, espeta-lhe um valente murro no nariz partindo-lhe os ossos do ofício.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007