quarta-feira, 14 de maio de 2008
Indignações Indagações
O cardeal português José Saraiva Martins, indignava-se por estes dias, em entrevista à Imprensa, com a opulência que varre o mundo e as sociedades contemporâneas e com a fome que grassa no planeta. Ao ler as suas declarações não deixei de me lembrar dos custos astronómicos a que ascendeu a construção da nova catedral de Fátima... Pergunto, por exemplo, quantos hospitais poderiam ter sido construídos com esse dinheiro? Pergunto, por exemplo, quantos armazéns de luta contra a fome poderiam ter sido enchidos e durante quanto tempo? E, por exemplo, preferiria um crente, em caso de doença grave, tratar-se no altar de Fátima ou num hospital rodeado de excelentes médicos? Falava, pois, o Cardeal de uma «realidade triste, vergonhosa, onde morrem milhões de irmãos à fome»... Enquanto outros nadam em dinheiro! Tem toda a razão. Este ano não fui a Fátima, mas amanhã publicarei aqui fotografia do estipêndio das missas locais, e muita curiosidade tenho em saber se os preços das preces acompanharam a inflação ou se, pelo contrário, tiveram de ser aumentados por causa do aumento do preço do «crude» nos mercados religiosos internacionais... Crudes, perdão, cruzes canhoto! Tudo isto enquanto gente crescida anda desesperadamente à procura de um milagre para justificar a santidade de dois jovens e inocentes pastores, que é como quem diz para justificar a elevação de Fátima a santuário de topo do turismo religioso, ou seja, à insituição da fé enquanto máquina de fazer dinheiro. Que seja. Seria contudo interessante é que a Igreja fosse obrigada a revelar pública e anualmente um relatório de contas, tal como qualquer outra grande empresa. E, já agora, impostos, pagam-se? E facturas, passam-se?
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