O Museu da Electricidade (Belém, Lisboa) festeja este ano a preceito o Dia Mundial da Criança. Tudo irá decorrer este fim-de-semana, de 30 de Maio a 1 de Junho, entre as 10 e as 18 horas, estando previstas diversas actividades dignas de tomar nota e deixar a miudagem radiante. Concebida a pensar em crianças e jovens entre os 2 e os 14 anos, a Festa tem um programa que visa cativar também as respectivas famílias, dando azo a que todos se divirtam com múltiplas brincadeiras. E como também a brincar se aprende, a Festa da Criança vai apelar para necessidade da criação de uma consciência ambiental. Como? Fazendo de coisas como a reciclagem de materiais e as energias renováveis temas centrais dos vários jogos e diversões disponíveis. Assim, haverá uma pista de carrinhos solares, onde todos poderão competir; carros solares prontos a ser experimentados; segways, um divertido veiculo eléctrico e bicicletas-geradores de electricidade, cedidas pela Quercus e que produzem electricidade ao ritmo da pedalada! Um atelier para fabrico de brinquedos por reciclagem de materiais; um Atelier das Artes, para pintura em papel gigante; espectáculos de Magia e quatro Insufláveis diferentes - Parede Escalada, Escorrega Obstáculos, Pula-Pula Silvestre e Escorrega Jogo da Selva –; pinturas faciais; jogo da reciclagem; bolas saltitonas; fotos com mascotes; construção de instrumentos musicais com embalagens recicladas; concerto TOCA A RUFAR, etc.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
terça-feira, 27 de maio de 2008
Prefácios
Escreve Ana Cristina Leonardo no blog Meditação na Pastelaria e eu tive a mesmíssima percepção e espanto: «Tenho entre mãos um dos clássicos da literatura do século XX, Rayuela, palavra que no original significa «jogo da macaca», texto poderoso assinado por Julio Cortázar e traduzido (só) agora em Portugal pela Cavalo de Ferro.Olho para a capa e concluo que é uma belíssima capa. Olho-a outra vez e leio: «Prefácio de José Luís Peixoto». Morre-se-me o entusiasmo. O que tem o crochet e o sentimentalismo pacóvio de Peixoto que ver com o experimentalismo e o rigor de Cortázar?Fui ver, como o Augusto Gil.Pois bem, vocês conhecem-se (esta é uma frase de efeito, naturalmente). Um quebra-cabeças de 631 páginas resumido a folha e meia? E coroado pelo título «Prefácio dispensável»? Solta-se-me a bipolaridade: da estranheza passo à irritação. Começo a ler. A meio do rol de coisa alguma, já passei da irritação à gargalhada.Na tal folha e 1/4 (tentando ser mais precisa), o moço de Galveias consegue descarregar dois pianos, e cito:
1. «trata[-se] do livro incontornável de um autor incontornável na literatura do século XX»;
2. «estamos na presença de um dos mais importantes livros escritos na segunda metade do século XX».Além disto: NADA. Minto (até ao dizer que minto), acrescenta: «Reparo agora que ainda não escrevi suficientes frases de possível citação na contracapa».Fui ver, como o Augusto Gil.Na contracapa: NADA. Grande es Dios. E Cortázar, claro.»
Ou seja, há toda uma enorme diferença entre um prefácio como o de José Mário Silva ao livro «O Resto é Silêncio», de Augusto Monterroso (Oficina do Livro), e este «prefácio» a «Rayuela».
1. «trata[-se] do livro incontornável de um autor incontornável na literatura do século XX»;
2. «estamos na presença de um dos mais importantes livros escritos na segunda metade do século XX».Além disto: NADA. Minto (até ao dizer que minto), acrescenta: «Reparo agora que ainda não escrevi suficientes frases de possível citação na contracapa».Fui ver, como o Augusto Gil.Na contracapa: NADA. Grande es Dios. E Cortázar, claro.»
Ou seja, há toda uma enorme diferença entre um prefácio como o de José Mário Silva ao livro «O Resto é Silêncio», de Augusto Monterroso (Oficina do Livro), e este «prefácio» a «Rayuela».
sábado, 24 de maio de 2008
Leya-se Publicidade
Agora é que dei por mim a iluminar-me sobre o assunto. É que nunca como este ano se falou tanto em Feira do Livro! Não sei se estão a perceber a táctica da Leya, polemizar par ter publicidade de graça. Notável. Vão ver como este ano as estatísticas hão-de dar conta de mais gente no Parque Eduardo VII.
Outros Silêncios
«No início do caderno que tenho comigo, e onde pouco escrevo, constam umas poucas linhas que eu mesmo inventei e me pareceram, na ocasião, um guia adequado para a busca espiritualque me propunha empreender: "Eem algum momento é preciso aprender a importância do silêncio. Calarmo-nos. Saber não dizer nada, não insinuar nada. Não reticenciar nem exclamar. Não perguntar. Não responder...»
Manuel Jorge Marmelo, «Zero à Esquerda» , «O Prazer da Leitura», Colectânea de contos FNAC/ Teorema
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Torcato Sepúlveda (1951-2008)
«O Torcato morreu». A Isabel fez-me chegar a mensagem, assim, tão dura como um soco no estômago. Eu fiquei triste e respondi-lhe que ele era um tipo único. E era. Conheci-o quando trabalhámos juntos no «Semanário», ele, jornalista tarimbado, eu, aprendiz de ofício. Ele bastante mais velho do que eu, mas nem por isso a afirmar o posto como barreira. Era um homem que gostava das palavras, tanto quanto de ajudar. Era exigente, culto, seco. Aparentemente indisposto na sua solidão rodeada de todos quantos o prezavam, que eram todos. A mim, creio que no imediato me detectou o gosto comum pelos livros, pelo que deles por várias vezes falámos; lembro-me de me mostrar os poemas de Amália (que vinha de acabar de entrevistar) e dizer que sim, que até eram coisas bonitas e bem escritas. Lembro-me também de me ter recomendado os poemas de «Reinaldo Ferreira» (então publicados pela Vega), filho do famoso Repórter X, sobre que depois escrevi artigo... E lembro-me de que fumava muito, lembro-me de o ver como um príncipe das letras, com o seu cabelo e barbas brancas. Depois desse tempo tempos vieram em que só fui sabendo dele à distância. E todos me diziam de que continuava o mesmo: com a mesma fibra com que tomava a pulso o mundo à sua volta. Um abraço, Torcato.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Prémios
Por curiosidade, num site venezuelano dedicado à escrita e à literatura, 'clico' em «Concursos» e eis que me surge na página o imenso ror de prémios literários disponíveis a concurso (ver abaixo para os interessados)! Primeiro, pasmo, depois dou comigo a pensar que de certa forma isso faz-me perceber porque não há quase um autor latino-americano que não venha creditado na sua biografia enquanto vencedor de um qualquer cocurso literário.
IV Certamen de Relatos “Villa de Cabra del Santo Cristo” (España)15 de mayo
Concurso de Relatos Breves Bellver15 de mayo
Premio Nacional de Cuento Joven “Alejandro Meneses” 2008 (México)15 de mayo
Premio Nacional de Poesía Joven “Gutierre de Cetina” 2008 (México)15 de mayo
II Certamen de Relatos Cortos “El tránsito, el viaje, el movimiento hacia un destino...” (España)15 de mayo
Premio de Poesía Antonio Gala16 de mayo
VI Concurso para Obras de Autores Inéditos 2008 de Monte Ávila Editores Latinoamericana (Venezuela)16 de mayo
I Certamen Nacional de Poesía Ibn Hazm16 de mayo
III Bienal de Novela Adriano González León (Venezuela)16 de mayo
X Certamen Literario Manuel Pacheco16 de mayo
Primer Concurso Narrativo “Ten en Cuento a La Victoria”20 de mayo
I Concurso de Poesía del Centro de Información a la Mujer de Castro Urdiales (España)23 de mayo
VII Premio Literario “Carlos Casares” de Microrrelato23 de mayo
XV Premios de la Mar de Poesía 2008 (España)25 de mayo
IX Premios Vida y Salud de Narrativa25 de mayo
V Certamen Internacional de Poesía Memorial Bruno Alzola García27 de mayo
Primer Certamen Literario de la Asociación Costarricense de Escritoras (Centroamérica)27 de mayo
IV Premio Tusquets Editores de Novela 200830 de mayo
IV Bienal de Literatura “Orlando Araujo”, Mención Crónica (Venezuela)30 de mayo
I Concurso de Fotografía Turística de Cehegín30 de mayo
I Concurso de Letras Flamencas “Francisco Moreno Galván”30 de mayo
I Premio Internacional de Poesía “José Verón Gormaz”30 de mayo
IV Premio de Narrativa de Viajes “Eurostars Hotels”31 de mayo
Premios Fray Luis de León de Novela, Poesía, Ensayo y Teatro31 de mayo
XII Premio de Nueva Novela Corta “Salvador García Aguilar”31 de mayo
Concurso Literario 72º Aniversario de la Peña de las Bellas Artes31 de mayo
III Bienal de Cuento Infantil ICPNA 2008 (Perú)31 de mayo
XII Concurso Internacional de Relato Corto “Elena Soriano”31 de mayo
Bienales Venezolanas de Literatura 2006-2008 (Venezuela)31 de mayo
XX Concurso Poético “Segovia y su Sierra”31 de mayo
IX Certamen Literario “Nuestras Raíces” de la Asociación Española de Socorros Mutuis de Coronel Dorrego31 de mayo
Premios Literarios Jaén 2008, XXIV Edición31 de mayo
I Concurso de Poesía de Piloña 200831 de mayo
I Concurso de Investigación sobre Lenguas Indígenas 2007 (Venezuela)1 de junio (prorrogado)
VI Premio Nacional Vivir de Relato Breve1 de junio
Premios del Tren 200813 de junio
I Certamen literario Ayuntamiento de Berrioplano. Fuerte San Cristóbal15 de junio
II Premio Internacional de Novela Negra RBA 200815 de junio
XVIII Premio Internacional de Novela “Luis Berenguer”15 de junio
III Certamen de Poesía Erótica “El Búho Rojo”15 de junio
VIII Premio “Encuentro de Dos Mundos”15 de junio
XII Certamen Poético Pepa Cantarero (España)16 de junio
IV Edición del Premio “Tristana” de Novela Fantástica20 de junio
IX Premio Nacional de Cerámica “Ciudad de Castellón 2008” (España)20 de junio
Certamen de Cuentos para Niños y Niñas “¿Quieres que te cuente el mundo al revés?”27 de junio
Premio Altea de Literatura: Novela - 1ª Edición 200830 de junio
Premio de Novela Onuba 2008 (España)30 de junio
II Premio Internacional de Poesía Víctor Valera Mora (2007)30 de junio
Concurso Interamericano de Cuentos 2008 “Espacio AVON” (América)30 de junio
Concurso Interamericano de Poesía 2008 “Espacio AVON” (América)30 de junio
IV Concurso de Poesía y Narrativa 2008 “Simón Darío Ramírez” y “Antonio Márquez Salas” (Mérida, Venezuela)30 de junio
II Edición Premio Internacional de Poesía Víctor Valera Mora (2007)30 de junio
I Certamen Literario de Poesía y Relato Corto “Rodrigo Manrique”15 de julio
Convocatoria de Cinergia, Fondo de Fomento al Audiovisual de Centroamérica y el Caribe, para proyectos audiovisuales18 de julio
I Concurso Internacional de Microtextos “Garzón Céspedes”: Del Cuento de Nunca Acabar, el Dicho y el Pensamiento19 de julio
III Exposición Todos por el Arte (Aragua, Venezuela)Del 14 al 25 de julio
Tercer Certamen de Autobiografía “Un Capítulo de mi Vida”30 de julio
IV Premios Andrómeda de Ficción Especulativa31 de julio
Concurso Nacional de Literatura “José Vicente Abreu”, Mención Poesía (Venezuela)31 de julio
Concurso Nacional de Literatura “José Vicente Abreu”, Mención Narrativa (Venezuela)31 de julio
Concurso Nacional de Literatura “José Vicente Abreu”, Mención Crónica (Venezuela)31 de julio
Premio FIL de Literatura en Lenguas Romances 20081 de agosto
I Concurso Internacional de Cuento Breve15 de agosto
II Certamen de Autobiografía para Obra Publicada “Alejo Carpentier”30 de agosto
Primer Premio Mundial de Literatura Aguas Verdes30 de agosto
XVI Premio de Relatos Cortos Diputación de Huelva José Nogales30 de agosto
25º Concurso Juan Rulfo de Novela Corta y Cuento30 de agosto
Convocatoria para Antología Literaria de Marick Press (escritores chilenos en EUA y Canadá)1 de septiembre
XX Concurso “Teruel” de Relatos1 de septiembre
Premios de la Fundación Corda para el Estudio de la Obra Poética de David Rosenmann-Taub1 de septiembre
Primer Certamen Literario Rosendo Tello10 de septiembre
XX Certamen Literario “Pedro de Atarrabia”12 de septiembre
III Concurso de Relatos “Comarca del Maestrazgo”26 de septiembre
I Premio de Ensayo Histórico “Ciudad de Cehegín”30 de septiembre
Premio de Fotografía Unión Latina-Martin Chambi 200830 de septiembre
IV Certamen Bienal Internacional de Pintura y Fotografía “Paco Luna”15 de octubre
VIII Premio Internacional de Relato Corto “Encarna León”25 de noviembre
Concurso Novela Corta 2009 “Julio Ramón Ribeyro” (Perú)30 de diciembre
Premio Internacional para el Desarrollo Social de la Información31 de diciembre
IV Certamen de Relatos “Villa de Cabra del Santo Cristo” (España)15 de mayo
Concurso de Relatos Breves Bellver15 de mayo
Premio Nacional de Cuento Joven “Alejandro Meneses” 2008 (México)15 de mayo
Premio Nacional de Poesía Joven “Gutierre de Cetina” 2008 (México)15 de mayo
II Certamen de Relatos Cortos “El tránsito, el viaje, el movimiento hacia un destino...” (España)15 de mayo
Premio de Poesía Antonio Gala16 de mayo
VI Concurso para Obras de Autores Inéditos 2008 de Monte Ávila Editores Latinoamericana (Venezuela)16 de mayo
I Certamen Nacional de Poesía Ibn Hazm16 de mayo
III Bienal de Novela Adriano González León (Venezuela)16 de mayo
X Certamen Literario Manuel Pacheco16 de mayo
Primer Concurso Narrativo “Ten en Cuento a La Victoria”20 de mayo
I Concurso de Poesía del Centro de Información a la Mujer de Castro Urdiales (España)23 de mayo
VII Premio Literario “Carlos Casares” de Microrrelato23 de mayo
XV Premios de la Mar de Poesía 2008 (España)25 de mayo
IX Premios Vida y Salud de Narrativa25 de mayo
V Certamen Internacional de Poesía Memorial Bruno Alzola García27 de mayo
Primer Certamen Literario de la Asociación Costarricense de Escritoras (Centroamérica)27 de mayo
IV Premio Tusquets Editores de Novela 200830 de mayo
IV Bienal de Literatura “Orlando Araujo”, Mención Crónica (Venezuela)30 de mayo
I Concurso de Fotografía Turística de Cehegín30 de mayo
I Concurso de Letras Flamencas “Francisco Moreno Galván”30 de mayo
I Premio Internacional de Poesía “José Verón Gormaz”30 de mayo
IV Premio de Narrativa de Viajes “Eurostars Hotels”31 de mayo
Premios Fray Luis de León de Novela, Poesía, Ensayo y Teatro31 de mayo
XII Premio de Nueva Novela Corta “Salvador García Aguilar”31 de mayo
Concurso Literario 72º Aniversario de la Peña de las Bellas Artes31 de mayo
III Bienal de Cuento Infantil ICPNA 2008 (Perú)31 de mayo
XII Concurso Internacional de Relato Corto “Elena Soriano”31 de mayo
Bienales Venezolanas de Literatura 2006-2008 (Venezuela)31 de mayo
XX Concurso Poético “Segovia y su Sierra”31 de mayo
IX Certamen Literario “Nuestras Raíces” de la Asociación Española de Socorros Mutuis de Coronel Dorrego31 de mayo
Premios Literarios Jaén 2008, XXIV Edición31 de mayo
I Concurso de Poesía de Piloña 200831 de mayo
I Concurso de Investigación sobre Lenguas Indígenas 2007 (Venezuela)1 de junio (prorrogado)
VI Premio Nacional Vivir de Relato Breve1 de junio
Premios del Tren 200813 de junio
I Certamen literario Ayuntamiento de Berrioplano. Fuerte San Cristóbal15 de junio
II Premio Internacional de Novela Negra RBA 200815 de junio
XVIII Premio Internacional de Novela “Luis Berenguer”15 de junio
III Certamen de Poesía Erótica “El Búho Rojo”15 de junio
VIII Premio “Encuentro de Dos Mundos”15 de junio
XII Certamen Poético Pepa Cantarero (España)16 de junio
IV Edición del Premio “Tristana” de Novela Fantástica20 de junio
IX Premio Nacional de Cerámica “Ciudad de Castellón 2008” (España)20 de junio
Certamen de Cuentos para Niños y Niñas “¿Quieres que te cuente el mundo al revés?”27 de junio
Premio Altea de Literatura: Novela - 1ª Edición 200830 de junio
Premio de Novela Onuba 2008 (España)30 de junio
II Premio Internacional de Poesía Víctor Valera Mora (2007)30 de junio
Concurso Interamericano de Cuentos 2008 “Espacio AVON” (América)30 de junio
Concurso Interamericano de Poesía 2008 “Espacio AVON” (América)30 de junio
IV Concurso de Poesía y Narrativa 2008 “Simón Darío Ramírez” y “Antonio Márquez Salas” (Mérida, Venezuela)30 de junio
II Edición Premio Internacional de Poesía Víctor Valera Mora (2007)30 de junio
I Certamen Literario de Poesía y Relato Corto “Rodrigo Manrique”15 de julio
Convocatoria de Cinergia, Fondo de Fomento al Audiovisual de Centroamérica y el Caribe, para proyectos audiovisuales18 de julio
I Concurso Internacional de Microtextos “Garzón Céspedes”: Del Cuento de Nunca Acabar, el Dicho y el Pensamiento19 de julio
III Exposición Todos por el Arte (Aragua, Venezuela)Del 14 al 25 de julio
Tercer Certamen de Autobiografía “Un Capítulo de mi Vida”30 de julio
IV Premios Andrómeda de Ficción Especulativa31 de julio
Concurso Nacional de Literatura “José Vicente Abreu”, Mención Poesía (Venezuela)31 de julio
Concurso Nacional de Literatura “José Vicente Abreu”, Mención Narrativa (Venezuela)31 de julio
Concurso Nacional de Literatura “José Vicente Abreu”, Mención Crónica (Venezuela)31 de julio
Premio FIL de Literatura en Lenguas Romances 20081 de agosto
I Concurso Internacional de Cuento Breve15 de agosto
II Certamen de Autobiografía para Obra Publicada “Alejo Carpentier”30 de agosto
Primer Premio Mundial de Literatura Aguas Verdes30 de agosto
XVI Premio de Relatos Cortos Diputación de Huelva José Nogales30 de agosto
25º Concurso Juan Rulfo de Novela Corta y Cuento30 de agosto
Convocatoria para Antología Literaria de Marick Press (escritores chilenos en EUA y Canadá)1 de septiembre
XX Concurso “Teruel” de Relatos1 de septiembre
Premios de la Fundación Corda para el Estudio de la Obra Poética de David Rosenmann-Taub1 de septiembre
Primer Certamen Literario Rosendo Tello10 de septiembre
XX Certamen Literario “Pedro de Atarrabia”12 de septiembre
III Concurso de Relatos “Comarca del Maestrazgo”26 de septiembre
I Premio de Ensayo Histórico “Ciudad de Cehegín”30 de septiembre
Premio de Fotografía Unión Latina-Martin Chambi 200830 de septiembre
IV Certamen Bienal Internacional de Pintura y Fotografía “Paco Luna”15 de octubre
VIII Premio Internacional de Relato Corto “Encarna León”25 de noviembre
Concurso Novela Corta 2009 “Julio Ramón Ribeyro” (Perú)30 de diciembre
Premio Internacional para el Desarrollo Social de la Información31 de diciembre
Feira do Livro
Maddie
Parvo, sem dúvida. Porque é que também eu não escrevo um livro sobre a Maddie? Eu digo-vos: por respeito à Maddie, à custa de quem jamais faria dinheiro.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Leituras Silenciosas - Bagão Félix
Ontem, salvo erro, ouço com espanto, no final de um telejornal qualquer, o jornalista de serviço a apresentar/ apregoar livro de contos acabado de sair!!! Exclamações muitas! Olá, repercussões da polémica em torno da feira do livro? Qual quê. Autor: Bagão Félix. Tudo se esclarece: é político, ou foi, ora aí está instituído a autor com honras (únicas) de (ex)citação em telejornal, para mais em horário dito nobre. Este jornalismo «amigo» e «companheiro» é algo que me tira do sério. Mas, dando o benefício da dúvida, fui ver. Hoje, depois do jantar, tomo café com a reunião de 22 contos do autor, a aquilatar do seu valor literário. Título: «O Cacto e a Rosa». Editora: Sextante. Sextante, de João Rodrigues, ex-editor da Dom Quixote, chancela que já editou escritores como Abel Neves, Júlia Nery, Filomena Marona Beja, Teolinda Gersão ou Jaime Rocha. Vinco: escritores. Ora, ao Cacto e à Rosa. Eu confesso, li os primeiros quatro, cinco contos. Bastou-me. Para: perceber que Bagão não fosse quem é jamais publicaria estes contos; perceber que está lá uma frustre tentativa filosofante de cariz teológico-desportivo-existencialista; perceber, enfim, que o mundo está cheio de amigos... Mas esta escrita é muito má. Falta-lhe mão, falta-lhe ficção. E falta revisão editorial para dizer ao autor que dificilmente um relógio tem um ar «empertigado», adjectivo pelo qual Bagão parece nutrir especial apreço. Falta revisão editorial para dizer ao autor que literatura não é andar constantemente à volta de jogos do género: «O Henrique em mudança? Ou a mudança do Henrique?» ou «Agora desaparecido, via-se, nítida, a presença da ausência.» Falta revisão editorial para dizer ao autor que frases como estas soam mal e são de construção débil: «A rota da vida havia-os afastado entre dois continentes»; ou: «Uma minudência do quotidiano impulsionou-os para o subconsciente do calor de uma nova polémica». Falta revisão editorial para dizer ao autor que não se escreve «onde trabalhava há vinte anos», mas sim «... havia vinte anos» (erro recorrente). Falta revisão editorial para dizer ao autor que frases como «reencontro feito de desencontros» são mais do que banais e pueris. Falta revisão editorial para dizer ao autor que em vez de «um quartel de século» se deveria antes escrever «um quarto de século». Falta revisão editorial para dizer ao autor que frases como aquela adiante transcrita, do conto «Amizade», são dignas de um qualquer boletim pastoral ou jornal de paróquia: «Amigos e tão diferentes de cada um e do outro antes de cada um se ter transformado no outro. Uma amizade bela, pura e resistente. Verdadeira!» - a exclamação, deliciosa, é do autor. Falta revisão editorial para dizer ao autor que não há literatura em declarações de subterrâneo moralismo presente em frases como aquelas que encontramos em abundância no conto «E depois da morte»: «Porque a demanda de Deus faz parte da mesma necessidade de compreender para aceitar e de aceitar para compreender.» Falta revisão editorial para dizer ao autor que a sua personagem Júlio, do conto «A Solução», dificilmente se credibiliza à luz de factos como: é um cangalheiro que desde tenra idade percebeu que só poderia seguir as pegadas do pai, o mesmo almocreve de quem depois se diz correr-lhe nas veias «sangue de empreendedor», e o mesmo oficial da morte que, vem a saber-se, é perito em questões internacionais, nomeadamente um «estudioso da história dos Balcãs» e que até chegou a tirar o primeiro ano de um curso qualquer de Gestão!!! - e aqui as exclamações são minhas. E mais não li, que o tempo de leitura é de ouro. Resumindo, não fosse o benfiquismo que perpassa por um ou outro texto e qualquer um de nós poderia pensar que o Papa tivesse dado em escritor. Eu, confesso, de João Rodrigues esperava muito mais exigência. Que Leonor Pinhão, amiga de sempre, teça loas e passe a mão pelo lombo do amigo benfiquista, ainda se percebe... Uma coisa concedo, na fotografia está com ar de autor.
Bastonadas na inteligência...
O arrivista e espaventoso bastonário dos advogados, Marinho Pinto, voltou a dar ares da sua graça. Depois de ter ido visitar à prisão o estimável líder das hostes saudosas do terceiro reich, agora lembrou-se de declarar, em plena Assembleia da República, que a violência doméstica deveria deixar de ser crime público. Marinho Pinto di-lo com ar de mão pesada, e di-lo com uma ligeireza que aflige vindo de quem vem. Que saudades de Rogério Alves!
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Fumar Não Fumar
Eu compreendo Sócrates, pois se ele também, na história do diploma de curso, não se lembrava de quem tinham sido os seus professores, como haveria agora de se lembrar que não se pode fumar em aviões! Ó meus amigos, ainda por cima estamos a falar numa viagem de longo curso... Digamos que os cursos causam certo dano à memória do nosso primeiro!
Indignações Indagações
O cardeal português José Saraiva Martins, indignava-se por estes dias, em entrevista à Imprensa, com a opulência que varre o mundo e as sociedades contemporâneas e com a fome que grassa no planeta. Ao ler as suas declarações não deixei de me lembrar dos custos astronómicos a que ascendeu a construção da nova catedral de Fátima... Pergunto, por exemplo, quantos hospitais poderiam ter sido construídos com esse dinheiro? Pergunto, por exemplo, quantos armazéns de luta contra a fome poderiam ter sido enchidos e durante quanto tempo? E, por exemplo, preferiria um crente, em caso de doença grave, tratar-se no altar de Fátima ou num hospital rodeado de excelentes médicos? Falava, pois, o Cardeal de uma «realidade triste, vergonhosa, onde morrem milhões de irmãos à fome»... Enquanto outros nadam em dinheiro! Tem toda a razão. Este ano não fui a Fátima, mas amanhã publicarei aqui fotografia do estipêndio das missas locais, e muita curiosidade tenho em saber se os preços das preces acompanharam a inflação ou se, pelo contrário, tiveram de ser aumentados por causa do aumento do preço do «crude» nos mercados religiosos internacionais... Crudes, perdão, cruzes canhoto! Tudo isto enquanto gente crescida anda desesperadamente à procura de um milagre para justificar a santidade de dois jovens e inocentes pastores, que é como quem diz para justificar a elevação de Fátima a santuário de topo do turismo religioso, ou seja, à insituição da fé enquanto máquina de fazer dinheiro. Que seja. Seria contudo interessante é que a Igreja fosse obrigada a revelar pública e anualmente um relatório de contas, tal como qualquer outra grande empresa. E, já agora, impostos, pagam-se? E facturas, passam-se?
Outros Silêncios
«Um corpo que se move e que gesticula é um dos mais poderosos meios de experimentar o silêncio».
«Eu associo muito o silêncio à imagem de uma janela, melhor, à experiência de uma mão que toca numa janela».
«O silêncio é quase o invólucro do rumor».
«Eu associo muito o silêncio à imagem de uma janela, melhor, à experiência de uma mão que toca numa janela».
«O silêncio é quase o invólucro do rumor».
Né Barros, «Pretextos»
Silence Music Box - Divino Sospiro
O Divino Sospiro em Lisboa: Duplo concerto para violino e viola da gamba de Graun, revelando as qualidades tímbricas únicas deste instrumento que, nas mãos de Vittorio Ghielmi, adquire um virtuosismo e uma dinâmica surpreendentes. Acrescem duas peças instrumentais de grande impacto: a Abertura de Telemann, «La Putain», e a sinfonia para cordas de Carl Philipp Emanuel Bach, um dos testes mais difíceis para uma orquestra barroca. No meio do programa, um pequeno intermezzo para ouvir “a solo” a «voz» da viola da gamba.
Centro Cultural de Belém, Lisboa
24 de Maio, 19h00
Plastic Silence - Malangatana
Malangatana expõe «Vivências» na Galeria Valbom, em Lisboa. Para ver, um conjunto de acrílicos sobre tela, organizados por séries quase monocromáticas, dominadas pelo verde, vermelho e azul, cujo resultado final é uma espécie de um surrealismo involuntário, directo e mágico, aproximando-se por vezes dos primitivos catalães e das aparições macabras dos visionários holandeses.
Galeria Valbom
Av. Conde de Valbom, nº 89-A
Lisboa
Galeria Valbom
Av. Conde de Valbom, nº 89-A
Lisboa
domingo, 11 de maio de 2008
DN Jovem
Para grande surpresa minha (obrigado, Filoxera) e-mail amigo faz-me chegar duas imagens cuja existência eu sequer suspeitava, de um encontro de antigos colaboradores do «DN Jovem» havido no final dos anos 80, em Sintra. Aí estiveram, se não me falha a memória, entre outros, Pedro Mexia, José Mário Silva, Alexandre Andrade, Sandra Augusto-França, Tiago Salazar, a maior parte deles hoje autores publicados. E quem é aquele tipo de óculos, em baixo à esquerda?
sábado, 10 de maio de 2008
Manela estavas rica posta em sossego lá em casa
Ironias do Major Valentão, despedindo-se de Manuela Moura Guedes no seu regresso ao telejornal da TVI: «Está cada vez mais bonita!» (...) Uma coisa eu sei, se tivesse acontecido nos States a Manela estava rica. Oai se estava! Linda de rica.
Tudo isto para ir dar ao novo romance que comecei a escrevinhar, em torno dos anões dos quadros do Velásquez
Com o súbito estrépito da porta abrindo-se de rompante e logo em seguida batendo novamente ao fechar-se, sobressaltei-me e emudeci, engolindo em seco não fosse vir a ser descoberto. Os meus olhos pararam no escuro, como se mesmo o simples e mínimo pestanejar pudesse denunciar a minha presença. Passaram dois segundos. De novo engoli em seco e tentei perceber para onde se dirigiam os passos numa cadência arrastada.
Entrei na biblioteca disposto a recolher-me do mundo. Era já dos poucos, senão o único lugar, para além do meu quarto e da minha cama, talvez também para além das margens do rio onde amiúde me comprazo em passear, onde gostava de estar, não me importando em ali permanecer durante horas a fio. O que não raro acontece e o que para alguns poderá equivaler a uma grande chatice, equivalendo mesmo a uma espécie de clausura. Para mim não, para mim tal possibilidade traduz-se num deleite. Gosto dos livros, gosto de estar entre eles, de lhes sentir a presença, de os saber disponíveis para os meus olhos, para as minhas mãos, inclusive para o meu nariz. Durante anos e anos, durante décadas os fui juntando, coleccionando título sobre título, autor sobre autor, com verdadeiro prazer, como quem reunisse o melhor do mundo e dos homens, como quem trouxesse para junto de si o melhor que o Homem tivera para dar, como quem, a cada compra, juntasse novo nome à sua lista de amizades. Um livro é um amigo, sim. De modo que sempre achei normal gostar de permanecer perto deles. Umas vezes percorrendo as estantes lentamente até me deter, por esta ou aquela razão, num ou noutro qualquer título cujo autor ou temática, por circunstâncias variadas e do acaso, me suscitasse interesse, outras vezes simplesmente me comprazendo no olhar das suas lombadas, umas encostadas às outras, irmanando-se em fileiras sem fim, sobrepondo cores sobre cores, tamanhos sobre tamanhos. Creio que é uma bela biblioteca. Uma biblioteca enorme, com as suas largas paredes forradas de livros e estantes de lado a lado, de alto a baixo. Com os seus quase duzentos metros quadrados e vários corredores de estantes parece mais um salão do que uma biblioteca, eu sei, ou então são dimensões mais próprias de um qualquer palácio! Já vêem porque gosto da minha biblioteca. Porque nela me perco sem me perder! Perco-me nos seus milhares de títulos, perco-me no tempo que desprezo e esqueço quando ali dentro. E completa, uma biblioteca completa que ao longo dos anos fui organizando por géneros e áreas do saber: ensaio, política, história, literatura, romance e poesia, autores nacionais e estrangeiros, os clássicos, o teatro, a música e a dança, a matemática e as ciências, a saúde e a medicina, a filosofia e a linguística, enfim, um pouco de tudo. Uma biblioteca invejável que muito me ajudou ao longo da minha carreira de professor e escritor. Na verdade, um escritor sem uma biblioteca não será um escritor. Diria mesmo que para escrever o escritor tem de estar na companhia de livros, por uma simples razão, porque creio que na realidade cada livro de cada autor não é senão o resultado de todos os livros que lhe são anteriores. Depois, é... uma questão de companhia. Como aprecio, como sempre apreciei descansar as mãos da escrita para me descansar no gozo da escrita de outrem! Não, não uma biblioteca que utilizei de forma egoísta. Pelo contrário, sempre tive também muito gozo e orgulho em poder partilhá-la com os outros, sobretudo com os meus amigos e alunos, sem dúvida, também por vezes ou sobretudo com as alunas... Bem, isso já lá vai o tempo. E que mal nisso? Os livros são muito úteis ao amor, esta é a teoria que sempre defendi, que ainda hoje defendo. Sobretudo os livros de poemas. Quantos poemas já não terão estado no início de romances, de histórias de amor, quantas, quantas não se terão escrito a partir de um verso dito ou enviado ao ser amado na hora certa? Sim, porque é bem certo que não sei de casos de divórcio que tenham terminado com um poema. Os livros estão sempre no princípio do amor, nunca no seu final. No final, diria, os livros também entram, mas noutra medida, isto é, são sempre um problema quando as duas partes do casal gostam de livros. Sim, é bem certo, os livros trazem histórias mas por vezes também originam outras histórias. Comigo, pelo menos, a certa altura da vida, foi assim... Ah, mas não pensem mal de mim, isso foi antes de me casar, antes de morar com a minha mulher, quando eu era jovem e descomprometido que não com a aventura e as conquistas amorosas. E garanto-vos de experiência feita: um verso aqui, outro acolá sempre se mostraram à altura dos meus desígnios amorosos. Que não fosse apenas por isso, teria já uma dívida eterna para com a poesia, para com os livros. Mas depois de casar essas aventuras românticas, com a biblioteca como mote, terminaram. Se a minha mulher gosta de livros? Sim... e não. Sim, porque aprecia uma boa história, um bom romance. Não, porque sempre achou que os livros lhe roubaram grande parte do tempo com o marido. Para além disso, sempre se queixou da ocupação da casa pelos livros, ralhando com o pó que eles acumulam, com o difícil que é mantê-los limpos, com o espaço que ocupam, com o tempo que me tomam... Enfim, a conversa normal de quem não sente esta irmanação com os livros. Logo depois de casarmos, a tarefa de os limpar ficou entregue à empregada que durante árduas horas, reconheço, se punha acima-abaixo, descendo e subindo um pequeno escadote periclitante, com um pano do pó e um espanador na mão, limpando livro atrás de livro. A minha mulher desesperava, dizia que mais valia ter duas empregadas, uma para a casa outra para os livros. E mais dizia que se a dita rapariga caísse de cima do escadote haveria de ser um problema, que era «um perigo», «um perigo»! A empregada, do cimo do escadote, tratava de não se desequilibrar e, espirro a espirro, lá ia dando conta do recado e só sabia perguntar-me, com grande espanto, para que serviam tantos livros, tanto papel? Face a estas considerações comecei por proibir a minha mulher de assistir às limpezas. Que aquilo lhe fazia mal aos pulmões, que ela tinha razão e que o único que deveria incomodar-se com o caso era eu. Mais tarde e porque logo, logo vim a temer que a empregada me estragasse os livros acabei por reduzir as suas sessões de limpeza a uma vez por mês. Quando muito que ali fosse aspirar o chão, dar verniz às madeiras e pouco mais. Que não tocasse nos livros!
Entrei na biblioteca disposto a recolher-me do mundo. Era já dos poucos, senão o único lugar, para além do meu quarto e da minha cama, talvez também para além das margens do rio onde amiúde me comprazo em passear, onde gostava de estar, não me importando em ali permanecer durante horas a fio. O que não raro acontece e o que para alguns poderá equivaler a uma grande chatice, equivalendo mesmo a uma espécie de clausura. Para mim não, para mim tal possibilidade traduz-se num deleite. Gosto dos livros, gosto de estar entre eles, de lhes sentir a presença, de os saber disponíveis para os meus olhos, para as minhas mãos, inclusive para o meu nariz. Durante anos e anos, durante décadas os fui juntando, coleccionando título sobre título, autor sobre autor, com verdadeiro prazer, como quem reunisse o melhor do mundo e dos homens, como quem trouxesse para junto de si o melhor que o Homem tivera para dar, como quem, a cada compra, juntasse novo nome à sua lista de amizades. Um livro é um amigo, sim. De modo que sempre achei normal gostar de permanecer perto deles. Umas vezes percorrendo as estantes lentamente até me deter, por esta ou aquela razão, num ou noutro qualquer título cujo autor ou temática, por circunstâncias variadas e do acaso, me suscitasse interesse, outras vezes simplesmente me comprazendo no olhar das suas lombadas, umas encostadas às outras, irmanando-se em fileiras sem fim, sobrepondo cores sobre cores, tamanhos sobre tamanhos. Creio que é uma bela biblioteca. Uma biblioteca enorme, com as suas largas paredes forradas de livros e estantes de lado a lado, de alto a baixo. Com os seus quase duzentos metros quadrados e vários corredores de estantes parece mais um salão do que uma biblioteca, eu sei, ou então são dimensões mais próprias de um qualquer palácio! Já vêem porque gosto da minha biblioteca. Porque nela me perco sem me perder! Perco-me nos seus milhares de títulos, perco-me no tempo que desprezo e esqueço quando ali dentro. E completa, uma biblioteca completa que ao longo dos anos fui organizando por géneros e áreas do saber: ensaio, política, história, literatura, romance e poesia, autores nacionais e estrangeiros, os clássicos, o teatro, a música e a dança, a matemática e as ciências, a saúde e a medicina, a filosofia e a linguística, enfim, um pouco de tudo. Uma biblioteca invejável que muito me ajudou ao longo da minha carreira de professor e escritor. Na verdade, um escritor sem uma biblioteca não será um escritor. Diria mesmo que para escrever o escritor tem de estar na companhia de livros, por uma simples razão, porque creio que na realidade cada livro de cada autor não é senão o resultado de todos os livros que lhe são anteriores. Depois, é... uma questão de companhia. Como aprecio, como sempre apreciei descansar as mãos da escrita para me descansar no gozo da escrita de outrem! Não, não uma biblioteca que utilizei de forma egoísta. Pelo contrário, sempre tive também muito gozo e orgulho em poder partilhá-la com os outros, sobretudo com os meus amigos e alunos, sem dúvida, também por vezes ou sobretudo com as alunas... Bem, isso já lá vai o tempo. E que mal nisso? Os livros são muito úteis ao amor, esta é a teoria que sempre defendi, que ainda hoje defendo. Sobretudo os livros de poemas. Quantos poemas já não terão estado no início de romances, de histórias de amor, quantas, quantas não se terão escrito a partir de um verso dito ou enviado ao ser amado na hora certa? Sim, porque é bem certo que não sei de casos de divórcio que tenham terminado com um poema. Os livros estão sempre no princípio do amor, nunca no seu final. No final, diria, os livros também entram, mas noutra medida, isto é, são sempre um problema quando as duas partes do casal gostam de livros. Sim, é bem certo, os livros trazem histórias mas por vezes também originam outras histórias. Comigo, pelo menos, a certa altura da vida, foi assim... Ah, mas não pensem mal de mim, isso foi antes de me casar, antes de morar com a minha mulher, quando eu era jovem e descomprometido que não com a aventura e as conquistas amorosas. E garanto-vos de experiência feita: um verso aqui, outro acolá sempre se mostraram à altura dos meus desígnios amorosos. Que não fosse apenas por isso, teria já uma dívida eterna para com a poesia, para com os livros. Mas depois de casar essas aventuras românticas, com a biblioteca como mote, terminaram. Se a minha mulher gosta de livros? Sim... e não. Sim, porque aprecia uma boa história, um bom romance. Não, porque sempre achou que os livros lhe roubaram grande parte do tempo com o marido. Para além disso, sempre se queixou da ocupação da casa pelos livros, ralhando com o pó que eles acumulam, com o difícil que é mantê-los limpos, com o espaço que ocupam, com o tempo que me tomam... Enfim, a conversa normal de quem não sente esta irmanação com os livros. Logo depois de casarmos, a tarefa de os limpar ficou entregue à empregada que durante árduas horas, reconheço, se punha acima-abaixo, descendo e subindo um pequeno escadote periclitante, com um pano do pó e um espanador na mão, limpando livro atrás de livro. A minha mulher desesperava, dizia que mais valia ter duas empregadas, uma para a casa outra para os livros. E mais dizia que se a dita rapariga caísse de cima do escadote haveria de ser um problema, que era «um perigo», «um perigo»! A empregada, do cimo do escadote, tratava de não se desequilibrar e, espirro a espirro, lá ia dando conta do recado e só sabia perguntar-me, com grande espanto, para que serviam tantos livros, tanto papel? Face a estas considerações comecei por proibir a minha mulher de assistir às limpezas. Que aquilo lhe fazia mal aos pulmões, que ela tinha razão e que o único que deveria incomodar-se com o caso era eu. Mais tarde e porque logo, logo vim a temer que a empregada me estragasse os livros acabei por reduzir as suas sessões de limpeza a uma vez por mês. Quando muito que ali fosse aspirar o chão, dar verniz às madeiras e pouco mais. Que não tocasse nos livros!
sexta-feira, 9 de maio de 2008
E de Silva Ramos de novo para O Problema dos Domingos
«O Gigante de Moçambique morreu em Moçambique em consequência de uma queda sofrida no quintal de sua casa - anunciaram ontem familiares. Gabriel Mondlane, de 45 anos, conhecido mundialmente devido aos seus 2,45 metros de altura, caiu no passado domingo no pátio cimentado de sua casa, batendo com a cabeça no chão.»
«Viagem com Branco no Bolso», Manuel da Silva Ramos, Fenda
Leituras Silenciosas - Manuel da Silva Ramos
Da feira do livro 2007 trouxe também o 'bíblico' «Viagem com Branco no Bolso», ainda de Silva Ramos. 574 páginas literário-delirantes onde se dão conta dos acontecimentos havidos em Portugal num ano raro da sua História em que o país contou no seu seio com o mais baixo e o mais alto homens do mundo, o Gigante de Moçambique e o anão do Arcozelo.
O Problema dos Domingos
Ainda Silva Ramos, n'«O Tanatoperador»:
«Aos domingos, em Lisboa deserta, engatava um sonâmbulo de soldado e pagava-lhe para me atar a uma cadeira e me bater com uma vassoira nas costas...»
«Aos domingos, em Lisboa deserta, engatava um sonâmbulo de soldado e pagava-lhe para me atar a uma cadeira e me bater com uma vassoira nas costas...»
Leituras Silenciosas - Manuel da Silva Ramos
Leio, enfim, o desatinado, desatinante, ludopédico, desconcertante, fervilhante, inebriante, sexo-surreal «O Tanatoperador» (Fenda; que bela capa!), que no ano passado comprei na feira do livro. Assim: «O poeta português sorriu. Falava um francês correctíssimo e só às vezes quando estava cansado da bebida não conseguia pronunciar a palavra vinho, as pessoas compreendiam vento. Mas isso não tinha muita importância, já que a sua simpatia era constante como as flores artificiais dos cemitérios.» Ora digam lá que não é uma comparação estupenda!
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Outros Silêncios
«Também os gritos são feitos
de palavras, isto é
de uma grande ausência
de palavras, isto é
de silêncio carregado
de veneno
Palavras como rostos, como histórias
por contar
Alheamento, abandono, esquecimento
quem pode viver disso?»
de palavras, isto é
de uma grande ausência
de palavras, isto é
de silêncio carregado
de veneno
Palavras como rostos, como histórias
por contar
Alheamento, abandono, esquecimento
quem pode viver disso?»
Rui Caeiro, «Baba de Caracol», Ed. de Autor
Subscrever:
Mensagens (Atom)