segunda-feira, 10 de março de 2008

E agora para um momento poético

só quando foste embora
quando partiste como quem
não quer fazer barulho para não acordar
as crianças
deixando-me um bilhete
para a solidão
percebi enfim o quanto de maré
havia no teu nome

agora é noite e nenhuma estrela
vem ensinar-me o caminho
para o teu corpo

nenhuma bússola
sabe da tua morada

areia nenhuma guarda o teu rasto
diluído no coração

1 comentário:

Anónimo disse...

Esperemos

Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma
que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-nos
com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato.

Pablo Neruda