Tão triste, o sol inunda a tarde toda,
Festivo como um guizo numa boda
Onde a noiva morreu, desfeita em espaço...
Medeia a eternidade, em cada passo
Que, sem intuito, dá quem passa; à roda
Parece dormir tudo; e incomoda,
Ponderável, no ar, um embaraço...
Toda a tristeza de domingo à tarde.
Sobe dos homens para o céu, que arde,
O apego à vida de um olhar que morre.
Sombras sugerem aflições incertas...
E das janelas sôfregas, abertas,
Morno, o silêncio como um pranto escorre...
Reinaldo Ferreira, «Poemas», Vega
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