sábado, 18 de agosto de 2007
Mulheres e milheiral
Estive, faz agora quase uma semana, no meio do Marão. E à noite, como havia alguns bons anos não ia, fui ao bailarico; à antiga portuguesa. E que vi?: mulheres dançando com mulheres; gordas com magras, feias com bonitas, pequenas com grandes, pirosas com menos pirosas, etc. E não gostei, e por isso cito, a título de solidariedade ocasional, que agradeço ainda assim, palavras de Natália Correia nesse livro digno de espanto que é «Descobri que Era Europeia» (Edições Portugália, 1951): «... a dança é um acto virtualmente sexual. Só a admito entre um homem e uma mulher. Duas mulheres dançando não fazem sentido. É uma verdadeira aberração estética.» Na verdade, o que leva uma mulher a dançar com outra mulher? E um homem a dançar com um homem? Não, definitivamente não, confesso que é coisa que não bate certo. Para mim, claro, que também era capaz de mandar para trabalhos forçados para a Transibéria os indigentes que deram cabo do milheiral ao pobre do agricultor de Silves. Ide trabalhar e cortar o cabelo, malandros!
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