quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Mais um início de conto

O general Gilles Boyard faleceu num domingo, que era o dia que escolhera para descanso desde que achara que precisava de descomprimir. Militar de carreira, já com mais de três décadas e inúmeras medalhas e louvores no currículo, era um homem tão temido quanto destemido. Aqueles que o temiam – e pode dizer-se que eram todos quantos o conheciam –, os que tinham o azar de prestar serviço militar sob o seu comando, só de o ver à distância ficavam a tremer que nem varas verdes, na perspetiva de que por um qualquer motivo ele viesse dirigir-lhes palavra. Aqueles a quem calhava dirigir-lhes a palavra, não raro chegavam a liquefazer-se em águas pelas pernas abaixo tentando apenas disfarçar a vergonha como podiam, apenas dizendo «sim, meu general, com certeza meu general», fosse o que fosse que o velho militar lhes ordenasse ou motivo pelo qual os repreendesse. ...

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