segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Leituras Interessantes


O Problema dos Domingos

«O padeiro desloca-se a Oliveiras diariamente às 9 horas, exceptuando o Domingo.»

Site da aldeia Oliveiras

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O Tremoço


Sabia que no século XVIII a água de cozer tremoços era indicada como protector solar para o rosto e o pescoço? Sabia que tremoços eram o alimento preferido dos filósofos gregos? Sabia que nas antigas comédias romanas os tremoços eram utilizados para simbolizar o dinheiro? Sabia que os tremoços são aconselhados para combater o colesterol? Estas e outras curiosidades sobre os tremoços podem ser encontradas no mais recente volume «B.I. do Tremoço», da autoria de Paulo Moreiras, integrado na colecção «Bilhete de Identidade», do Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (IELT) e publicado pela editora Apenas Livros. Eu recomendo, porque há poucas coisas assim e ainda menos gente a fazê-las, sobretudo bem, como o Paulo. Para encomendar: Apenas Livros Tel/fax: 21 758 22 85

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O Problema dos Domingos

«Duas pessoas que mal conheço (o tipo do café e a rapariga da caixa do supermercado) mais um amigo próximo repetem-me hoje igual pergunta: se vou ver a Madonna? Não, not my cup of tea. Meia Lisboa estará por esta altura na Bela Vista. Morro de chatice nos domingos; julgo que deviam ser abolidos.»

Blog Cruel Vitória

sábado, 20 de setembro de 2008

O Problema do Autor

«Penso que seria um mau escritor se fosse "feliz": escritores felizes não têm nada para contar.»

Jorgen Brouwers, «Vermelho Decantado», Teorema

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Início de um novo conto

Não há-de ser nada, hoje em dia os bons casamentos começam e terminam com lágrimas, e bons, bons são-no todos apenas no dia do casório,
que linda que está a noiva,
que casal tão bonito,
e o primeiro filho, é para quando?,
já têm casa?,
e a lua-de-mel, onde vai ser? Caraíbas? Antilhas? Brasil? Pipa?
Pipinha, nesses dias eu era a Pipinha, e, sim, de facto, fomos para Pipa, as fotografias estão para aí algures metidas num armário ou numas gavetas, em três ou quatro volumosos álbuns, uns cartapácios cheios de lembranças de um suposto amor e falsas alegrias, o parvalhão tinha comprado de propósito uma máquina digital nova, cheia de mariquices e outras merdas, e andava armado em fotógrafo, artista, sabem?, durante os meses de ilusão gastou-me uma fortuna em porcarias para a máquina, lentes especiais, objectivas, filtros, eu sei lá que mais...

O Problema dos Domingos

«Era Domingo. Chance estava no jardim. (...) Horas mais tarde, enquanto via televisão, Chance ouviu sons de luta vindos dos andares superiores da casa. Deixou o quarto e, escondido por trás da enorme escultura do salão, viu os homens a carregar o corpo do velho. Com a morte deste, alguém teria de decidir o que iria acontecer à casa, à nova criada e ao próprio Chance.»
Jerzy Kosinski, «Chance», Livros de Areia

O Problema dos Domingos

«eu de calças de malha e meias pela casa aos fins-de-semana, uma fita desbotada a segurar-me o cabelo como uma gaze para que a cabeça não abrisse, o Afonso sem rosto no sofá, as pernas cruzadas, o tronco e logo o jornal, aos domingos não se barbeia e a cara fica-lhe da cor das notícias...»

«Amores Finitos», António Machado, Edições Quasi

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Problema de Deus

"Crer num único Deus parece-me de uma miséria. Havendo tantos deuses, crer num só é um excesso de economia".

Jorge L. Borges, Borges Verbal, Pilar Bravo e Mario Paoletti, A&A, via blog quandooreierasabao

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Outros Silêncios

«O silêncio que não se ouve. Apenas se vê. A esfera vazia e ainda assim, preenchida pela ausência de luz. Fechado entre os seus dedos, o silêncio conhecia a textura de uma prece antiga. Uma reza sem palavras oriunda do cume das montanhas cegas, que iluminam a alma dos mortais. Adormecia assim, a contemplar o silêncio cujas raízes nasciam-lhe dos dedos.»

Beatriz Hierro Lopes, blog Atthestillpoint

O Problema do Autor

«Ser sem explicar. Ser sem si mesmo. Ser como o poeta sem seu próprio destino. Ser assim desaparecido e escrever apenas mais um poema, um último primeiro verso na solidão de ser apenas um.»

António Quadros Ferro, blog Cadernos

O Problema do Jornalismo

Dizer e escrever aos quatro ventos que são muito bons certos romances que não se leram mas que todos dão como adquiridos serem pérolas da literatura. É o que acontece, por exemplo, com a recente edição de «Os Detectives Selvagens», de Roberto Bolaño. Eu gostava apenas de ter tempo para o ler. Até lá, calo-me.

domingo, 14 de setembro de 2008

Histórias Fulminantes 94

Acordou em sobressalto, lavado em suores. Tinha tido um pesadelo: estava preso, preso, sufocava, não conseguia libertar-se. Tentou então levantar-se e foi quando percebeu que não conseguia desunir as mãos. Olhando sobre a barriga, com um estremecimento de morte observou que os nós dos seus dedos estavam entrelaçados uns nos outros. Nesse momento, antes de desmaiar, um dos nós desceu-lhe à garganta. Quando voltou a acordar estava preso a uma cama de hospital.

Play Station 2

Play Station 2

- Queres jogar este?
- Ok. Pode ser.
- Mas sabes jogar?
- Sim, sei.
- De certeza?
- Sei, é fácil. É só matar, não é?

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Histórias Fulminantes 93

Compareceram todos os companheiros de ofício: as maiúsculas e as minúsculas, todos os pontos - de interrogação, de exclamação, o ponto e vírgula e os dois pontos -, o travessão e o hífen, o acento circunflexo e o til, as aspas (ao baixo e ao alto), a vírgula, e, coisa que surpreendeu alguns, porque não se davam com ela por aí além, marcaram também presença o cardinal e o trema. O discurso de despedida coube, muito naturalmente, ao ponto final. Depois, fez-se parágrafo, e todos se foram embora chorando as melhores lembranças da letra morta.

O Problema do Autor

«Onde floresce
Onde floresce
Onde floresce o terror puro

Poeta,
é o teu lugar»


Reinaldo Arenas, «O Engenho»

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

De uma ida ao Porto e de um projecto em curso











Mais um início de conto

O general Gilles Boyard faleceu num domingo, que era o dia que escolhera para descanso desde que achara que precisava de descomprimir. Militar de carreira, já com mais de três décadas e inúmeras medalhas e louvores no currículo, era um homem tão temido quanto destemido. Aqueles que o temiam – e pode dizer-se que eram todos quantos o conheciam –, os que tinham o azar de prestar serviço militar sob o seu comando, só de o ver à distância ficavam a tremer que nem varas verdes, na perspetiva de que por um qualquer motivo ele viesse dirigir-lhes palavra. Aqueles a quem calhava dirigir-lhes a palavra, não raro chegavam a liquefazer-se em águas pelas pernas abaixo tentando apenas disfarçar a vergonha como podiam, apenas dizendo «sim, meu general, com certeza meu general», fosse o que fosse que o velho militar lhes ordenasse ou motivo pelo qual os repreendesse. ...

O Problema do Autor

«Escrever só para mim. Esquecer os outros. Deitar fora a exaltação estética. Ao escrever-me, faço-me com o que não sou.»

Pedro Paixão, «Quase gosto da vida que tenho», Quetzal Editores

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O Problema de Deus - 4

X: Por que acreditas em Deus?
Y: Porque neste mundo, casado, com filhos, com pai, com mãe, sinto-me sempre sozinho.
X: Precisas de amigos?

Paulo R. Ferreira, blog zeromaisquatro