E pronto, o Francisco já cá está connosco. Lindo - diz quem viu e o pai confirma. E também comprido, pés grandes (bom para um triplo saltador, diz o avô F.), nariz a sair ao da Alice, rosadinho (não demasiado), olhos claros. Chorou ao respirar, depois mostrou-se calmo o dia inteiro. Mamou muito bem e adormeceu. Enfim, tudo bem, tudo bem feito. É a natureza a desdenhar das nossas veleidades criativas. Na verdade, o que são um livro, um quadro, uma música, comparados com um bebé? Nada. Ínfimas aproximações à obra. Talvez por isso a felicidade dos criadores perante a obra feita jamais se aproxime do sorriso de um pai. Acho que me tiraram uma fotografia com um sorriso desses... Meio tonto, pois claro. Talvez também, por tudo isto, a mãe, as mães se riam com um ar de quem sabe a verdade profunda acerca do criar, coisa que os homens nunca saberão. Nessa matéria, «artistas» por natureza, as mulheres não têm de provar nada a ninguém. O poder está todo nelas. Há quem diga que por isso mesmo os homens sentem mais apetência pela conquista do poder material, como se, impedidos de criarem vida, tentassem a qualquer custo sentir a essência do poder criador (eventualmente, tentando imortalizar-se pelos actos e pelas conquistas), mas isso, isso só às mulheres está votado. As mulheres têm o poder, os homens precisam de inventá-lo. Acho que a mãe do Francisco sabe isso muito bem.
quinta-feira, 26 de abril de 2007
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