quinta-feira, 26 de abril de 2007



Conheço a Susana Neves. A Susana pinta e agora fotografa flores. Um trabalho belíssimo. Porém, o seu olhar não se contenta nem resume à mera «enunciação das espécies» fazendo-se valer de técnica fotográfica. Olhares que tais reservam-se aos caçadores de postais ou, as mais das vezes, aos fotógrafos amadores em busca de compêndios do género coleccionável onde a Natureza surge «devassada» em simplistas processos de elencagem e seriação. Bem distante desse posicionamento, nesta «Viagem ao Pólen Sul» aquilo que encontramos é o desejo de ir mais além desse realismo botânico que se fica pela rama. Se fotógrafos há que apenas captam a pele, outros há que captam o espírito e a alma. Susana Neves, declaradamente, radica-se neste último grupo. Sem um propósito inventariador, distante da mutilação laboratorial, a fotógrafa coloca-se aqui na posição do amador, daquele que, amando, ousa apenas, para desfrutar do belo e dar a conhecê-lo, uma aproximação delicada e respeitadora, de resto, a única via para entrar nos corações frágeis como são aqueles das flores. É por isso que recomendo visita aos originais, que vão estar patentes ao público durante todo o mês de Maio no Instituto Franco-Português (Avenida Luís Bívar, 91), em Lisboa. De segunda a sexta, entre as 10h30 e as 19h30, aos sábados, das 10h às 12h30.

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