sábado, 18 de outubro de 2008

E eles a Dallas

Obama e McCain continuam a divertir o mundo com os seus pseudo-debates estudados ao milímetro -- era capaz de garantir que não há uma partícula de caspa que caia do cabelo de um deles sem que isso tenha sido previamente decidio ou combinado pelos respectivos staff. O mais extraordinário é que neste interim propagandístico a coisa, dita campanha, vai rolando (esbanjando) milhões de dólares, enriquecendo sabe-se lá quem, tal como se fosse um negócio (mais uma negociata), que outra coisa não é, tal como os dois negoceiam quem irá amanhã gerir os destinos do mundo. Um não será certamente diferente do outro, e a eleição de um ou de outro em nada irá mudar os destinos do mundo, moldados que estão ao status quo diplomático-internacional feito à sua medida, desejos e desmandos. Por outras palavras, saiam quando saírem dos 'iraques' em que estão atolados até ao pescoço, certo será que os EUA, de Barack ou do senhor John, irão continuar a intervir militarmente pelo globo onde e quando o entenderem ou quando a economia de guerra o pedir; pelo menos até que, daqui por mais uns anos, potências emergentes como a China ou a Índia cresçam o suficiente para começar a inverter as regras do jogo internacional; é esperar para ver, basta olhar para o passado e percepcionar a lei dos grandes ciclos de dominação histórica a funcionar no mapa do tempo. No mais, acho interessantíssimo a quantidade de portugueses que entretanto viraram politólogos encartados, opinando quase diariamente sobre o evoluir das sondagens e dos debates, quase nenhum se atrevendo a dizer do quão triste é todo aquele espectáculo teatral que, vai-se a ver, o mais certo é vir a acabar com a mesma patranha da anterior eleição presidencial, que reelegeu o cowboy Bush júnior burlando o pacífista-benemérito-ecologicamente-bem-comportado Al Gore na contagem dos votos. E na altura alguém reclamou? Ninguém. O mundo civilizado do concerto das nações ofendeu-se com a rasteira anti-democrática? Na... O que espanta é que enquanto tudo isto decorre o futuro do mundo vai ficando mais e mais negro, ou seja, nenhum daqueles cavalheiros fala do que realmente importa: por exemplo, da fome em África e no mundo; por exemplo, da chacina amazónica; por exemplo, do degelo glaciar; por exemplo, da emissão de gases poluentes, etc. Pois, milhões e milhões de almas, que mais parecem fantoches com bandeirinhas na mão, preferem (agora) debater a vida de um anónimo Joe Plummer, parecem mais interessadas no divórcio da Madonna, parecem mais interessados em ouvir dois títeres (sabe-se lá nas mãos de quem) que o mais que sabem, na presente crise, é pedir aos cidadãos que confiem neles! Confiar neles? Então não foram eles que puseram isto no estado em que está? Já não sei, talvez o modelo indiano venha melhorar as coisas, um dia... Fantochada total esta novela a la Dallas ranch: só falta mesmo a estorieta de um qualquer blow job na família de um dos candidatos para animar a coisa até daqui a três semanas. Vão ver que ainda há-de aparecer, era capaz de apostar.

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